Museu Santo André


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RETROSPECTIVA DO MUSEU DE SANTO ANDRÉ
Wilson Roberto Stanziani de Souza - Museólogo
Santo André, SP - 2012



1950 
Através da Lei 589 de 29/11/1950 é criada a “Comissão Geral de Festejos do IV Centenário da Fundação de Santo André da Borda do Campo”. Sendo membros natos os prefeitos de Santo André da Borda do Campo, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul e os presidentes das Câmaras Municipais, além de outros membros. Entre os objetivos da criação da Comissão constavam:
a) erigir no perímetro urbano da sede de Santo André, um monumento a João Ramalho e outros vultos da história de Santo André da Borda do Campo;
b) organizar e realizar em 1953 uma exposição em que a indústria, o comércio e a lavoura apresentem os seus produtos; com a colaboração das associações em geral;
c) organizar a Biblioteca Publica e o Museu Histórico Municipal.
d) realizar outras obras que, por iniciativa própria ou dos Legisladores e Executivos dos municípios mencionados no artigo 2° ou das entidades representadas na Comissão possam contribuir para e solenidade e brilhantismo das comemorações.

O “projeto de lei” desenvolvido em 1952 cria a Biblioteca Publica Municipal e o Museu de Arte e Objetos Históricos de Santo André, “dotando-o de sede, móveis, utensílios, estantes e outros elementos necessários à sua existência’.
Porém, a Lei nº 732 de 20/10/52 aprovada na Câmara Municipal cria a Biblioteca Publica Municipal de Santo André a ser instalada em 1953. Autorizando a “doação pura e simples de livros, documentos e afins de cunho cultural para serem incorporadas ao patrimônio da Biblioteca”.
A Biblioteca Publica é inaugurada. O monumento ao fundador (da Vila) de Santo André foi uma doação da Colônia Portuguesa que encomendou a obra a Emanuel Manasse, uma estátua a João Ramalho instalada na Praça IV Centenário. Praça projetada para a Feira Industrial, Comercial e de Lavoura, cujo nome evidenciava o ensejo comemorativo dos 400 anos da Vila de Santo André da Borda do Campo. O Museu de Santo André não é citado.
     

1960
O Jornal News Sellers, antecessor do Diário do Grande ABC, publica em 31 de janeiro de 1960 uma matéria do qual “... preocupados com o patrimônio cultural...” da cidade de Santo André reuniu-se, além de jornalistas, o representante do Gabinete da Secretaria de Educação da Prefeitura, Nicola Tortorelli afirma que em nome do Secretario de Educação Queiróz Filho, interessado em formar uma Comissão designada pela Prefeitura, Câmara Municipal e Delegacia de Ensino, para estudar e organizar o Museu Histórico Pedagógico. Comissão da qual fará parte Vinício Stein de Campos, Luiz Adhemann, Paulo Lencastre e Tereza de Almeida.
O vereador Hercílio Bueno da Silveira solicita através de requerimento ao Senhor Prefeito, providências para a criação do Museu Municipal de Santo André. Indicando à mesa em sua justificativa “... a criação do Museu Histórico e coisas da nossa cidade, constituiria um fator de curiosidade e, até certo ponto, de turismo, além de criar o gosto pelo estudo de nossas coisas...”.
Em 09 de novembro 1962 durante as sessões extraordinárias é apresentado o projeto de lei, autorizando o Departamento de Educação e Cultura a realizar pesquisas, adquirir ou receber por doação, obras de arte e objetos de valor histórico, para a instalação do Museu de Santo André.
Segundo o jornal O Repórter de 10 de janeiro de 1965, publica-se que o prefeito Fioravante Zampol, recebe ofício do governador do Estado de São Paulo, afirmando o interesse em instalar um Museu de documentação relativa a historia determinando que “... peças e documentos... fossem catalogados...”
Em 1966, foi organizado um curso de museologia dirigido a professores, alunos e organizado por Vinício Stein de Campos. O curso ocorreu no Instituto de Educação Américo Brasiliense, onde se formou um grupo de estudos para a criação de um Museu em Santo André. Assim através do Decreto 47815 e publicado no Diário Oficial, em 21 de novembro de 1966 cria-se o “Museu Histórico e Pedagógico Américo Brasiliense”.  Museu com intenções educacionais e que através do grupo de trabalho, formado por professores e alunos do Instituto, reuniu numa exposição numa das salas da escola, objetos, documentos, fotos da cidade, além de mineralogia, filatelia, numismática, medalhística, trajes, troféus e outros bens de interesse histórico e educacional. O material coletado foi exposto como forma de divulgar e continuar arrecadando itens de interesse junto à população local para formação do acervo. Desses bens coletados, surgiram objetos como cruzes do antigo cemitério do Pilar, pedaços de trilhos do antigo bondinho que circulava no centro de Santo André, no período de 1922 a 1930; coleção de Anais da Câmara Municipal de Santo André do período de 1948 a 1962 além de utensílios domésticos e equipamentos alusivos à 2ª Guerra Mundial.
O Museu acabou não se concretizando. Segundo alguns depoimentos, foi questionada a denominação do Museu “Américo Brasiliense”. Não havia interesse em manter esse nome, ocorrendo um movimento entre professores, alunos e representantes do poder publico sob alegação de que o Sr. Américo Brasiliense não esteve ligado à história de Santo André, nunca esteve na cidade, além disso o Museu em questão estaria restrito a atender apenas a escola e assim não havia justificativa em se manter essa denominação. O projeto acabou ficando no esquecimento e os documentos recolhidos para a formação do acervo tiveram destino desconhecido.
Esse movimento, para se criar o Museu Histórico Pedagógico Américo Brasiliense pelo Estado com o apoio da Prefeitura de Santo André e do Instituto, perdurou até 1972.
Em 1982, estive nas dependências do Instituto Américo Brasiliense e tive a oportunidade de apreciar alguns objetos localizados no porão de uma escada: um pequeno tear manual de madeira, uma santa de material metálico, alguns livros e outros objetos indecifráveis, partes do acervo abandonado.
Em relação à Prefeitura de Santo André, havia apoio para se criar um espaço de preservação, o que se pode notar pelos depoimentos da Senhora Nair Lacerda, responsável pela Biblioteca Pública Municipal.  A Biblioteca preservara um conjunto de documentos que havia sido transferido da Câmara Municipal para a Secretaria de Cultura, conhecido como “Fundo Câmara de São Bernardo”. A coleção reúne documentos que versam sobre a criação da Câmara Municipal de São Bernardo a partir de 1894, responsáveis pelas decisões legislativas dos vários municípios que formam hoje a Região do ABC.
Dona Nair comentava em entrevistas jornalísticas, no Diário do Grande ABC, mais precisamente em 31 de setembro de 1964, sobre a criação de um “Centro de Documentação Histórica de Santo André”, mas não houve andamento desse assunto. O “Fundo”, hoje, está integrado ao acervo do Museu de Santo André e constitui um significativo material sobre a região do ABC e é o inicio de constituição do acervo do Museu de Santo André.
Em 1968, em 13 de maio através da Lei 2.943, a Prefeitura de Santo André desapropriou o imóvel localizado à Rua Campos Salles, nº 414, declarando-o de utilidade pública pelo Decreto nº 4185 de 04/03/1968. “... enquanto não tiver instalações próprias, fica o governo autorizado a utilizar o imóvel...” para funcionamento do Museu Histórico de Santo André. O que não ocorreu e hoje na edificação se encontra instalada a Casa do Olhar, espaço cultural voltado às artes plásticas.


1970
Na década de 1970 foram desenvolvidos relatórios sobre as possibilidades de se instalar um Museu para a cidade. Elaborados pela Assistente Técnica da Secretaria de Educação, Cultura e Esportes da Prefeitura de Santo André, Maria Célia Furtado. Foram feitos dois relatórios, o primeiro em 30/10/74 e o segundo em 05/02/1975.
Nesse trabalho, resultado de pesquisas e estudos de maneira informal, ocorreram visitas a Museus, contatos com museólogos como Valdisa Camargo Guarnieri, além de leituras em revistas especializadas, consultas a legislações que criam Museus, Associações de Museologia, publicações tipo Anais, Guias de Museus, Boletins, etc.  
Os relatórios se mostraram bastante atualizados colocando o Museu para a comunidade em termos de participação e formação, criando dinamismo com motivação para a vida comunitária, promovendo montagens  periódicas de exposições, conferências, cursos, projeções de filmes, concursos, concertos em atividades constantes. Sem ser um Museu estático, sem promoções e sem integração na vida comunitária, tem como objetivos: ser um centro de irradiação cultural, recreação e lazer. Fazendo um levantamento histórico da cidade preservando a herança histórico-sócio-cultural da cidade. Promovendo a difusão e o conhecimento desta herança tanto para a população local como para o mundo exterior.  Propõe ainda organizar uma mostra de objetos relacionados à vida da cidade, fazendo uma coleta de objetos, fotos, documentos, móveis.
Como resultado desses relatórios, durante a administração do Prefeito Antonio Pezzollo, em 1975 e numa iniciativa elaborada pelo Sr. Miller Paiva e Silva, Secretário de Educação, Cultura e Esportes da Prefeitura de Santo André, desenvolveu-se uma campanha para arrecadar, junto à população local, bens de interesse para organização do acervo do Museu de Santo André.
Para tanto foi contratado o fotógrafo Antonio Macedo, designado para pesquisar e desenvolver a coleta de imagens fotográficas para instalação da exposição “Nosso Passado Pode Estar Com Você” ocorrida no Salão de Exposições do Centro Cívico. Foram expostos 70 painéis relativos à história e à memória do desenvolvimento urbano da cidade reproduzidas através de imagens fotográficas originais, revistas e jornais. Além de objetos, bens que fazem parte do início da formação do acervo propriamente dito do Museu de Santo André.


1980
Durante uma vistoria, em 1980, elaborada pelo Sr. Miller Paiva e Silva, Chefe de Divisão de Educação e Cultura da Prefeitura de Santo André, foram apresentadas a mim, três opções para escolha de edifício para a instalação do Museu de Santo André:
1º. Casa principal do Parque Regional da Criança Palhaço Estrimilique, antiga sede do Haras Jaçatuba que pertenceu à família Assunção.
2º. Edificação principal da antiga Chácara Pignatari, hoje Parque Regional Prefeito Antonio Pezzolo.
3º. Edificação do antigo I Grupo Escolar de São Bernardo, na época sede da Fundação de Assistência Social e antiga Escola Estadual José Augusto de Azevedo Antunes.
Das três alternativas, sugeri o prédio do I Grupo Escolar de São Bernardo para a instalação do Museu de Santo André.
Através da Portaria nº 1278.06.81 foi criado pelo Prefeito Lincoln Grillo a “Comissão Organizadora do Museu de Santo André”, constituída por professores, escritores, empresários, políticos, arquitetos, historiadores, museólogos e outros interessados em discutirem o assunto da instalação do Museu na cidade. Eram membros: Octaviano Armando Gaiarsa, Euclydes Rocco, Nelson Zanotti, Marli Camarozano Kopczynsky, Jose Roberto Janola Cyrne Filho, Helena Stamato Copini, Luis Antonio Ferreira Gomes, Miller Paiva e Silva e Inajá Bevilacqua Pereira da Silva e eu. Posteriormente em substituição a alguns membros que se retiraram por motivos pessoais, foram inseridos os nomes de Clovis Roberto dos Santos Filho e Marco Antonio Perrone dos Santos.
Na própria Portaria que criava a Comissão, foi definido o nome do Museu, sendo “Museu de Santo André Antonio Chiarelli”. Havia ainda a orientação para que o Museu fosse instalado na sede do Parque Regional da Criança, onde se iniciou uma adequação museográfica em suas salas.
Depois de várias reuniões, a Comissão sugeriu ao Prefeito para que fosse erigido um busto ou uma placa de bronze, no saguão do Teatro Municipal, em homenagem a Antônio Chiarelli como incentivador do Teatro. A Comissão indicava o nome do Museu como “Museu de Santo André”.
Meses depois, foi apresentado o projeto do Museu de Santo André, elaborado pelos museólogos Wilson Roberto Stanziani de Souza e Helena Stamato Cupini, tendo como tipologia Museu de Cidade, mostrando desenvolvimento sócio-urbano da cidade. E como objetivos estudar, reunir, preservar e expor documentos, livros, fotografias e objetos de diversos gêneros que contribuam para o conhecimento e esclarecimento dos fatos históricos sócio-econômicos-políticos-esportivos-artísticos do Município de Santo André e sua região. Depois da coleta junto à população e órgãos públicos municipais, organizando exposições permanentes e temporárias. E fomentando atividades como cursos e seminários em seu futuro Auditório.
Através de oficio nº 38.01.82, em 22 de janeiro de 1982, o Secretário de Educação, Cultura e Esportes Paulo Roberto De Francisco solicita ao Diretor de Cultura a criação de um “Museu de Imagem e Som”. Foi respondido pela Comissão Organizadora do Museu de Santo André, que não havia necessidade da criação do Museu de Imagem e Som, independente do Museu de Santo André, cujos objetivos também abrangia a imagem e o som.
Numa publicação do jornal Santo André em Noticias, jornal da Prefeitura que publicava os atos Oficiais Municipais, foi noticiado a respeito da criação de uma Comissão para estudar a instalação do “Museu do Esporte” para reunir e conservar todos os troféus e medalhas obtidas por Santo André em campeonatos das diversas modalidades esportivas. Fizeram parte da Comissão, que não houve continuidade depois de algumas reuniões, os senhores: Haroldo Mattei, Jaime Fischer, Alcebíades Luiz Massaini, Lourenço Franteschi, Ferrucui Balista, Ettore Nobeschi, Paschoalino Assunção, Joel Gomes, Manoel de Oliveira, Miguel Garofallo, Alécio Garaggioni e Americo Pinto Serra. Não obtivemos mais nenhuma informação sobre o assunto, porém, a coleção de troféus e medalhas do Departamento de Esportes da Prefeitura da Santo André, foi transferida para o acervo do Museu de Santo André, que adquiriu mais outras peças através de doações, aumentando assim a coleção. A mesma é exibida na exposição intitulada “Santo André nos Esportes”.
Pela Lei nº 5942 de 03 de agosto de 1982, é criado oficialmente o “Museu de Santo André” assinada pelo Prefeito Lincoln Peduto Grillo.
Após um ano de trabalhos elaborados pela Comissão, houve a indicação para que um dos membros da Comissão fosse contratado para permanecer como funcionário na Prefeitura, facilitando assim os trabalhos da Comissão e reduzindo reuniões para tratar do assunto Museu. Sendo assim, foi indicado o meu nome.
Depois da contratação do museólogo (foi criado o cargo de museólogo no Departamento de Cultura), deu-se inicio as atividades da Comissão de maneira mais concreta, tais como a elaboração de exposições, pesquisas sobre as diversas tentativas de se instalar o Museu, o acirramento na coleta e reunião de objetos e documentos para ampliação do acervo e também a coleta de livros, teses e artigos jornalísticos para a organização de uma biblioteca especializada em museologia, história local e regional  formando uma hemeroteca, mapoteca e arquivo fotográfico. Além de elaborar projetos museográficos para confecção de vitrines, cubos de base para grandes objetos, mostruários de documentos todo material executado nas oficinas da Prefeitura.
Exposições, com o acervo, foram incluídas na programação geral cultural da cidade, ajudando a divulgar o Museu e ampliando o conhecimento da população.
A primeira exposição “Timbres Raros”, instalada nas dependências da Biblioteca Central, mostra alguns documentos selecionados com timbres artísticos pertencentes a coleção “Fundo Câmara de São Bernardo”,  integrada ao acervo do Museu. Outra exposição de grande repercussão na Região do ABC foi a comemoração de “25 Anos de Foto-jornalismo do Diário do Grande ABC”. Trabalho realizado em parceria entre o Diário e a Prefeitura de Santo André, através do Museu cuja exposição percorreu todas as cidades do Grande ABC, incluindo o Centro Cultural São Paulo da capital paulista.
Outro trabalho de relevância foi o levantamento da vida e obra do artista plástico Jayme Batista Paiva, tendo como resultado a abertura de sua residência, para visitação pública. A residência localizada no Parque Jaçatuba possuía, em todas as paredes, pinturas decorativas produzidas por ele. A exposição foi ampliada para o Centro Cultural Infanti - CCl, sendo expostos os chamados estênceis das pinturas de parede, além de obras como pinturas a óleo e documentos. O trabalho, elaborado em 1983, ocorreu na edificação do Centro Cultural Infantil - prédio localizado no Parque Regional da Criança Palhaço Estrimilique, que estava comprometido para instalação do Museu, no entanto não foi instalado, sendo criado um espaço cultural para crianças. Além dessa mostra, ocorreu posteriormente no CCI, a exposição “Memória de Santo André”, com parte do acervo em formação.
Enquanto representante do Museu, houve o envolvimento com a preservação do patrimônio cultural como um todo. Como o trabalho de recuperação do cruzeiro de madeira a ser instalado na Parte Alta de Paranapicaba. Foi providenciada a execução da peça, o seu transporte e sua elevação nos jardim da Igreja, durante a Festa do Senhor do Bom Jesus de Paranapiacaba em 1º de setembro de 1983.
Foi elaborada a exposição “89 Anos de Estrimilique”, que reuniu fotos, documentos textuais, objetos de cena, adereços e figurinos do famoso palhaço em 1986. Anos mais tarde, esse material foi doado pela família Fernandes (familiares do Estrimilique) para ser inserida ao acervo do Museu.
Outra exposição desse período foi “Vida e Obra, uma Paisagem Social”, de Guido Poianas, no Salão de Exposições do Centro Cívico, em 1986. Guido Poianas foi um doador em potencial ao Museu, de vários itens: interligados a sua vida de imigrante italiano, morador de Santo André com experiência artístico-profissional, cuja produção artística gerou exposições, livros e matérias jornalísticas que promoveram o artista local.
Em paralelo ao trabalho museólogico, houve também a participação de representante do Museu em trabalhos, que se iniciava em outros setores da Prefeitura de Santo André, relacionados à preservação do patrimônio cultural do município. Criou-se assim um canal de atuação direta nas discussões sobre a preservação do patrimônio cultural da cidade, assunto que se iniciava na cidade.
Assim ocorreram as primeiras experiências em abertura de processo de reconhecimento como patrimônio cultural através de tombamentos: levantamento de informações relativas ao prédio restante, junto à antiga Estação Ferroviária de Santo André (originalmente São Bernardo) para dar entrada ao Condephaat, solicitando seu reconhecimento como patrimônio cultural. O Conselho negou, pois não havia interesse estadual já que fazia parte da memória local. O órgão do Estado sugeriu a criação de um Conselho Municipal para a defesa de seus bens municipais.
Em julho de 1984, foram realizadas uma série de discussões sobre a implantação efetiva do Museu de Santo André, numa iniciativa da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do ABC e apoio da Prefeitura de Santo André, reuniram-se na sede da Associação dos Engenheiros e Arquitetos na Vila Pires, especialistas como a coordenadora do Curso de Pós-Graduação de Museologia da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo - FESP, Valdisa Camargo Guarnieri. Foram discussões preparativas para a realização do I Fórum de Cultura do Município programado pela Comissão de Cultura da Câmara Municipal.
Durante uma discussão no Fórum de Debates, promovido pela Câmara Municipal de Santo André, para definir política cultural para o município, a proposta “... ampla mobilização popular para a instalação do Museu...”, foi tema de discussão.
Na abertura do I Fórum de Cultura, os trabalhos de mesa foram abertos pelo Presidente da Associação de Engenheiros e Arquitetos do ABC, Geraldo Demétrio, cujo pronunciamento relatava a necessidade do Museu, que foi criado pela Lei 5.942 e ainda não estava instalado em sede própria.  A denominação da palestra “Museu de Cidade - Uma Alternativa Cultural” afirmava que o resgate da história do município serviria como subsidio para a elaboração de um novo planejamento urbano para a cidade.
 Ocorria também participação do museólogo como membro representante do Museu de Santo André e Secretaria de Cultura, na Comissão Pró-Paranapiacaba durante o Movimento Pró-Paranapiacaba. Este movimento discutia a preservação da Vila Ferroviária de Paranapiacaba, coordenado por Julio Abe Wakahara e posteriormente por Geraldo Demetrio, ficando o Museu responsável pela coleta de fotos e documentos na região para a mostra “Registros da Vila de Paranapiacaba”. Ela ocorreu em 1985 e foi instalada no Clube de Engenharia em Santo André, no Clube União Lira Serrano em Paranapiacaba, e depois no Centro Cultural São Paulo da capital paulista.
Iniciou-se também o levantamento sobre possíveis bens de interesses arquitetônicos, monumentos, pontos turísticos e artísticos para cadastro. E também a organização de um arquivo de informações biográficas sobre os artistas que fazem parte da Coleção de Arte Contemporânea, resultante dos Salões de Arte Contemporânea existentes desde 1969 na Prefeitura de Santo André. Nesse período, a coleção era de responsabilidade do Museu de Santo André.
Nessa época já havia na Câmara Municipal, um projeto de lei que criava a Comissão Municipal de Defesa e Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural da cidade para “...levantamento do acervo histórico e cultural, indicando a administração publica para tombamentos...”.
No ano de 1988, a discussão em torno do Museu de Santo André foi expressada pela Administração Municipal como Centro de Preservação do Patrimônio Histórico de Santo André. Nesse momento já havia uma estrutura funcional, embora o trabalho da Comissão Organizadora do Museu ter se dissolvido. Além da atuação do museólogo e auxiliar administrativa, havia uma bibliotecária, fotógrafo e agente cultural.
Ainda em 1988, ainda sem um espaço definido, graças à iniciativa do Secretario de Educação, Cultura e Esportes Dr. Durval Annibal Daniel, o Museu (denominado por aquela administração de Centro de Preservação do Patrimônio Histórico de Santo André) foi instalado nas dependências próximas ao Teatro Municipal.
Nesse momento já haviam sido realizadas vistorias e coleta de objetos e documentos nas dependências da Prefeitura tais como fotos, objetos como cinzeiro do IV Centenário, placas e bustos de praças que não foram instalados ou foram retirados por qualquer motivo, livros sobre imigração italiana, além do recebimento de itens para o acervo por particulares que se propuseram a colaborar, fazendo doações de objetos e/ou documentos de importância para o Museu e tendo como referência o processo de desenvolvimento do ambiente urbano histórico, arquitetônico, artístico e social do município.
O Museu instalado no andar térreo do prédio da Secretaria de Cultura e Esportes no Centro Cívico, numa área de 410 m2 teve inicio com uma exposição de parte de seu acervo que havia sido recolhido. Sendo exibidos: um tear de meias fabricado na cidade alemã de Leipzig, tijolos da chaminé da Fabrica de Cadeiras e Pequenos Móveis Streiff, livro de registro de doações em dinheiro e espécie da Revolução Constitucionalista de 1932 - o chamado  Livro Cruz Azul, a 1ª máquina de tricô da Lanofix, obras artísticas de Guido Poianas, Paulo Lacorte, desenhos, caricaturas e charges de Vitorio Tarazinsky. Também grande quantidade de fotos, já que se iniciava o trabalho de preservação de imagens fotográficas e a catalogação de fotos.


1990
Na chegada da administração de Celso Daniel, em 1990, deu-se início aos trabalhos relativos à preservação da memória, à preservação do patrimônio cultural da cidade, tornando as discussões sobre a memória e historia mais práticas e operacionais. Em 1990, em comemoração ao 1º Centenário da emancipação política administrativa da região (criação do Município de São Bernardo em 1890), foi publicado o texto “Santo André, Duas Cidades, Duas Historias” (maio/1990) - numa iniciativa da Secretaria de Educação, Cultura e Esportes, através do Departamento de Cultura e Museu de Santo André, de autoria de uma equipe técnica da Prefeitura. Como resultado ainda da publicação, foi elaborado o Museu de Rua “Santo André, Duas Cidades, Duas Histórias” (02/05/1990) divulgando o texto e exibindo fotos do acervo relacionadas ao assunto; A exposição foi instalada na Praça do Carmo e em outros pontos da cidade, contou a trajetória da historia da região como um todo a partir da Fundação da Vila de Santo André por João Ramalho.
Iniciaram-se as ações para a instalação definitiva do Museu de Santo André na significativa edificação, que foi escola do Estado, no prédio do antigo I Grupo Escolar da região do ABC. O Edifício da Escola Estadual José Augusto de Azevedo Antunes, antigo I Grupo Escolar de São Bernardo, contava com 1070 alunos, do 1º ao 5º ano escolar, distribuídos em 10 salas de aulas, em três períodos, além de um curso noturno com 400 alunos. O prédio estava desgastado e superado para sua função. Havia na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, desde 1962, o projeto para a demolição total do prédio e construção de um novo edifício com três pavimentos. Porém ex-alunos discordaram de sua demolição e sugeriram que o velho prédio fosse restaurado e transformado em Museu, passando a ser considerado patrimônio publico.
Foi aberto na Prefeitura o Processo nº 37.980/76 para permuta com o Estado que durante a negociação foi imposta a condição em comportar nessa edificação, o Museu da Cidade. Em um de seus pareceres podemos ler que “...o prédio é suficientemente amplo para abrigar as dependências do futuro Museu.  A adaptação para tal finalidade é simples e de baixo custo, visto que o prédio se encontra em excelente estado de conservação...sua localização no centro da cidade...resulta em fator positivo, facilidade de transportes coletivos, de casas de lanches nas proximidades e possibilidades de se reservar a área interna para estacionamento...”. Sugere ainda a denominação de “Museu de Cidade”. O parecer foi assinado pelo Chefe de Divisão de Educação e Cultura da SECE - Secretaria de Educação Cultura e Esportes, Miller Paiva e Silva em 30 de janeiro de 1981.
Depois de realizar a operação de permuta, na verdade foram anos de andamento do processo para essa oficialização, o Museu foi instalado no local em que foi o I Grupo Escolar de São Bernardo, o Grupo Escolar de Santo André, a Escola Estadual  José Augusto de Azevedo Antunes, a Promoção Social do Município e a Fundação de Assistência Social.
Muitos moradores da cidade estudaram no Grupo. Além do prédio já fazer parte da paisagem e, portanto, exemplar da memória da cidade, criou-se vínculo de referência para a cidade, um prédio acima de tudo afetivo aos munícipes.
 O edifício em forma de “U”, tem uma varanda aberta para um pátio interno que integra as salas de aula. Isolado do exterior e aberto para a direção da escola, que controlava as atividades educacionais desenvolvidas nas salas de aula, criando uma separação entre professores, alunos e alunas, com entradas diferenciadas por gênero. Nas paredes da edificação, que teve início sua construção em 1912, começou um trabalho de recuperação da edificação respeitando os detalhes arquitetônicos devido à sua preservação. Foi elaborado trabalho de prospecção, sendo retiradas de forma delicada as várias camadas de tinta utilizadas em quase 100 anos de atividades escolares com grande fluxo humano.
O esclarecimento de reconhecimento das camadas de tintas (prospecção) teve como resultado o que seria a primeira pintura utilizada. Definiu-se como conceito de sua recuperação, a intenção de se manter as cores a partir do levantamento que resultou em suas cores originais. Os gradis da varanda foram retirados para sua recuperação e nova pintura na cor grafite fosca para serem recolocadas no lugar. Fora, adquiridos corrimões de madeira a partir de exemplar de modelo original. Recortes de paredes para adequação de grande sala de exposições, com aprovação pelo Condephaat - este Conselho Estadual havia aberto processo de tombamento do prédio. Substituição de ladrilhos hidráulicos por similar a partir de modelos originais, produzidos por fabrica de ladrilhos, com mais de 60 anos de experiências.
Substituição dos forros, das salas de aulas, por forros criados a partir de modelos originais, denominado popularmente de “saia e blusa”. Foi adquirido novo forro da varanda em madeira tipo “macho e fêmea”, existente no mercado, denominado de “forro paulista”. Substituição de telhas de cerâmica francesas tipo “Marselha”, produzidas até hoje.
A utilização do prédio, a partir de 1990 como espaço cultural para construção da memória local, se deu durante o 1º Congresso de Historia da Região do ABC (27/08/ a 31/08/1990). Teve apoio do GIPEM - Grupo  Independente de Pesquisadores  da Memória  do ABC - para instalação do Museu e da organização do I Congresso e nesse evento ocorreu a exposição de Grudizinski (agosto 1990).
Após a abertura com a inauguração do Museu e a adequação museográfica no prédio, ocorreu em 08 de dezembro de 1990 a abertura da exposição “Memória do I Grupo: O Capuz Transparente da Saudade”.
 Foi organizada a mostra “Teatro: Memória da Linguagem” 11/04/1991 em comemoração aos 20 anos do Teatro Municipal.
 Foi também elaborada a exposição Museu de Rua “Origens do Movimento Operário do ABC” (04/07/1991) com fotos e textos que contavam as lutas operárias na cidade em 10 painéis, sendo instalado no Paço Municipal de São Bernardo e no Museu.
“Dom Jorge um Bispo no ABC” (19/09/1991), foi uma exposição que reuniu livros, textos, fotos, trajes, paramentos e objetos litúrgicos, sobre o 1º Bispo da Diocese de Santo André. Conhecido como o Bispo dos Trabalhadores.
O Museu elaborou na Câmara Municipal a exposição “Dos Primeiros Passos ao Paço” (08/05/1992), que reuniu as primeiras atas da cidade de Santo André, conjunto resultante de uma transferência de documentos da Câmara para o acervo do Museu. Foram expostas a “1ª Lei promulgada em São Bernardo” (antigo município do ABC) de 1902. O “1º Decreto-Lei de 1939”. A “1ª Lei do Município de Santo André” de 1947 e fotos aéreas da cidade.
Com apoio cultural da Rhodia, a Prefeitura de Santo André publica o livro “Santo André - Cidade e Imagens” (24/07/1992), sendo o projeto editorial e pesquisa de história desenvolvida pela Empresa Ícone Pesquisas de História coordena por Marly Rodrigues. O livro tinha como objetivo principal, a divulgação de parte do acervo fotográfico pertencente ao Museu de Santo André e contar a história da cidade.
Nesse mesmo ano, no final do mês de setembro, deu-se inicio à Ação Educativa, trabalho desenvolvido para receber escolas e outros grupos organizados no Museu. Tinha como conceito divulgar o Museu como local de difusão de conhecimento da região, disponibilizando pesquisa, exposição e preservação do patrimônio cultural como um todo.
Durante pesquisas em material coletado para o acervo do Museu, organizou-se uma exposição de grande repercussão: reuniu as sociedades culturais Sociedade de Belas Artes de Santo André, Sociedade Amigos da Musica, Sociedade Amigos do Livro e muitas outras. Foi instalado um atelier do artista plástico Paulo Chaves, com objetos doados por sua família durante a exposição intitulada “Sociedades Culturais: Reflexos de Uma Época” (14/08/1992).
Nesse mesmo ano de 1992 foi exibida a exposição “A Mão e a Máquina” (19/11/1992), sobre a indústria e a evolução urbana da cidade e lançamento do livro “Migração e Cidadania” de autoria de Ademir Médici. Teve também o evento para discussão sobre a “Construção da Memória de Santo André”, com o lançamento de folhetos estatísticos publicados pela Prefeitura de Santo André.
O prédio, que abriga o Museu, foi reconhecido como patrimônio cultural pelo município através do tombamento pelo COMDEPHAAPASA - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico de Santo André, em 1992.
O item mais antigo do acervo é o “Livro Caixa de 1890”, do Fundo Câmara de São Bernardo. A Biblioteca do Museu, especializada na bibliografia sobre o ABC, possuía 500 volumes entre livros e teses. 35 teses (áreas de sociologia, historia, arquitetura, economia, educação) são relacionadas à cidade, levantamento feito pelo GIPEM. O conjunto de fotos se inicia no final do século XIX.
Foi lançado o concurso de desenho para crianças “O que você mais gosta em Santo André?” em 18/05/1993 e tinha como objetivos:
a. observação da necessidade de valorização e preservação do patrimônio cultural;
b. exercício de uma atitude reflexiva e ativa diante do conhecimento produzido.
c. para que o visitante sinta-se a vontade e estimulado.

Também ocorreu o curso de encadernação e conservação de papéis para profissionais de museologia, biblioteconomia e outros, organizados pela Bibliotecária funcionária do Museu Nilza Barbosa Saiki.
Foi elaborado um convênio entre a Prefeitura de Santo André e o as Tintas Coral para a pintura do prédio do Museu.
A exposição “Santo André nos Esportes” (28/04/1995), que se mantém ate hoje, reúne: troféus e medalhas de modalidades esportivas em que atletas locais se apresentaram trazendo a sua premiação, publicações e uniformes de Jogos Abertos do Interior e Jogos Abertos Regionais e até participantes de Olimpíadas internacionais.
A exposição “Oba! De Volta a Alegria. É Carnaval”, fevereiro e março de 1997, apresentou material de várias Escolas de Samba da cidade: Lírios de Ouro, Beleza Pura, Leões do Vale e outras. Na sua abertura contou com a apresentação da Bateria de uma das escolas de samba participantes da exposição.
Em seguida tivemos a exposição “Água, Caminhos e Imagens” 28 de abril de 1997, numa parceria com o SEMASA que apresentava o saneamento básico em Santo André. Nessa oportunidade houve o lançamento de um carimbo comemorativo para celebrar o dia Mundial da Água.
Outro trabalho de grande repercussão na mídia, ampliando a visitação ao Museu foi a exposição “Trajetória Imigrante, Fatos. Relatos e Retratos” de 29 de novembro de 1997, que reuniu fotos, objetos, trajes, bagagens com intervenções de artistas plásticos e cenógrafos .  Essa exposição teve uma ampla divulgação ao Museu, e contou com um grande número de visitantes, resultado de um projeto e produção apurado de uma equipe de produção diversificada com artistas plásticos e cenógrafos, além dos técnicos do Museu. Foi contratado o profissional cenógrafo Gigio, que foi responsável pela construção de uma proa de navio que balançava quando algum visitante o adentrava, sentido como que se fosse o movimento do balanço do mar. Isso tudo para trazer o clima de mistério e ansiedade na nova vida que o imigrante vivenciou na sua viagem para o Brasil. Em paralelo a esta exposição deveria ter ocorrido a mostra de Luis Sacilotto “Concreções”, porém por problemas técnicos não ocorreu, sendo substituída por uma  mostra de matérias jornalísticas sobre o artista plástico.
Foi lançado também um bilhete de extração da Loteria Federal, exibindo a “Minerva” estátua italiana instalada frontalmente no jardim do Museu.
Foi desenvolvido o projeto e execução de 14 pontos para exibição do Museu de Rua, nos vários bairros de Santo André sendo exibidos fotos e textos da memória local.
A exposição “Laços e Enlaces”, 25 de março de 1999, reuniu no salão principal do Museu: vestidos de noivas, fotos, lembrancinhas de casamento e outros itens relacionados ao tema. Para isso, além do acervo do Museu, contou com doações ampliando sua coleção: trajes de noiva e noivos, trajes de madrinhas e padrinhos, além de material escrito como convites, fotos e outros bens de interesse e curiosidade.

Depois da experiência expositiva de imigrantes vindos a Santo André de várias partes do mundo, instalamos a exposição “De Todos Os Lugares: Histórias de Migrantes” (27/09/1999) que obtivemos uma expografia específica e projetada especialmente para esse fim. Optamos por grandes mostruários inspirados em “dioramas”, que são espaços que exibiam objetos, trajes, obras de arte, peças de artesanato procurando manter um “clímax” original, como: paredes grafitadas urbanos, pintura de paisagem do sertão, lojas de artesanato, altares de igreja e outros conjuntos de objetos trazidos de diversas partes do Brasil, por migrantes que vieram de mudanças para esta cidade.
Criamos também uma equipe multidisciplinar para esse trabalho, tendo a participação do artista plástico Renato Brancatelli, de São Caetano do Sul, para execução de pinturas de fundos de alguns diorama. Mais bagagens com intervenções de artistas plásticos e cenógrafos.
Ouve a publicação do livreto “Trajetória Imigrante: Tempo de Lembrar”, texto desenvolvido no Museu a partir de depoimentos de moradores na cidade originários de outros estados ou interior de São Paulo.

Devido ao grande fluxo da presença de pesquisadores que estudam temas relacionados a Santo André e ABC, teve início um projeto para reunir pesquisadores para apresentarem e discutirem resultados da pesquisas de seus trabalhos sendo criado o 1º Encontro de Pesquisadores de 25 de abril de 1998. Trata-se de um seminário que reúne um publico especifico. Em geral, muitos trabalhos foram pesquisados na Biblioteca do Museu e desenvolvem temas que abordam os aspectos sociais, culturais ou históricos e vários outros.  Esses Encontros, organizados anualmente pela Bibliotecária do Museu Márcia Cruvinel, continuam ocorrendo tendo como resultado a publicação de textos ou catálogos.
 Já chegamos ao 12º Encontro de Pesquisadores que continua reunindo trabalhos inéditos desenvolvidos por pesquisadores buscando estimular o intercambio entre a Biblioteca do Museu e os freqüentadores da Biblioteca levando o conhecimento dos interessados nos diversos assuntos que ora são apresentados. Em 2010 não ocorreu o Encontro devido a problemas técnicos. Em muitos Encontros, publicou-se textos produzidos pelos palestrantes, até o 6º ocorreram essas publicações, desde 1994  por problemas de ordem financeira a Prefeitura deixou de publicá-los.
Nesse ano de 1999 ocorreu no pátio interno do Museu de Santo André o show do cantor Moraes Moreira. Diversificando assim a programação cultural do Museu.
A Sala Especial teve início em 1995 com o objetivo de apresentar e divulgar trabalhos realizados individualmente ou por grupos com temas relacionados à cidade e seus moradores, sendo as exposições apresentadas de responsabilidade do interessado com o apoio técnico do Museu.  A Sala foi aberta com a exposição “Museu no Museu” (abril/1995), que exibiu aquarelas da artista plástica Meirelle Lerner registrando nas obras características arquitetônicas do prédio do Museu. Outras exposições que podem ser destacadas foram “Reminiscências” (julho/1995) - fotos de Paranapiacaba de autoria de Adauto Rodrigues, “Santo André: Paisagem e Cor” (set/1999) - pinturas em óleo sobre tela, mostrando paisagens da cidade a partir de memória ou imagens fotográficas de autoria de José Rodrigues Vibian.
Em 2006, ocorreu na Sala Especial a mostra itinerante de um grupo de 8 artistas  com trabalhos urbanos como grafite, dança, “hip-hop”, rap. A mostra denominada “1” (Um) foi a primeira de uma série que o grupo se propôs a desenvolver e a mostra viajou, segundo projeto dos autores, para outras localidades.

Outra exposições de relevância foram:
“Câmara Clube de Santo André” (01/08/2006), exibindo fotógrafos da cidade que estiveram expostas em outros países - esse Clube era de âmbito internacional e dele participaram membros como Gaiarsa, Patrão, Shoepps e outros.
“Macunaíma, Amigo da Onça e Fradim - Bebemorando 30 Anos de Baixaria” (07/02/2010. Uma retrospectiva do bloco carnavalesco de Santo André, havendo um bate-papo aberto ao publico intitulado “Conversa Carnavalesca - recordar é Viver” no auditório do Museu.
“As Caixas do Homem que Amava as Caixas”, exposição ocorrida a partir de 04 de março de 2010 inspirada no livro de Stephen King. De autoria de Marcio Rui Padoim, tratava das complexidades das emoções humanas.
“Ocara Clube: 55 Anos de Carnaval” (11/02/2011), em comemoração ao Clube que vem atuando nos desfiles de Carnaval recebendo grande premiação.
“Completo 3”, obras do artista plástico Guilherme Callegari com pinturas e colagens.
“Meio Século Literário na Terra de João Ramalho” (02/09/2010) de Claudio Feldman, que contava com 44 títulos publicados.
 “Máxcaras” do artista plástico Roberto Sian, sendo expostos os trabalhos em terracota e barro natural.
A Sala Especial possui grande agendamento mensal e vem apresentando trabalhos de artes plásticas, de fotógrafos, teses, artesanato, Bandas Carnavalescas, etc.


2000
Em 2000 foi desenvolvido o projeto “Paranapiacaba, Valorização do Patrimônio Cultural Começa na Infância”, visando atuar na área de educação patrimonial infantil. O projeto aprovado e patrocinado pela Fundação Vitae, tratou de um curso para professores das redes municipal, estadual e particular desenvolvido e coordenado pela historiadora do Museu de Santo André, Suzana Cecília Kleeb, que organizou palestras apresentadas por conhecidos profissionais da área de preservação de patrimônio cultural. Nesse período foi criado a AMUSA - Associação Amigos do Museu de Santo André, que ficou responsável pela captação financeira do projeto através da Fundação Vitae. Esse projeto com verba da Fundação Vitae, possibilitou a produção de materiais didáticos que foram distribuídos nas escolas particulares para desenvolvimento de atividades pedagógicas sobre Paranapiacaba.
Foi instalada a exposição em homenagem ao cineasta Aron Feldman intitulada “50 Anos-Luz (e Sombra)”. Esse cineasta produziu grande quantidade de filmes na cidade.
Em substituição ao tema Migração, instalamos a exposição “Vamos Brincar Outra Vez”, tratando do tema infantil e apresentando brinquedos de várias épocas, tendo um momento de grande coleta de objetos relativos ao tema que vinham sendo doados ao acervo, ampliando assim a coleção.
O reconhecimento como patrimônio cultural do prédio, na esfera Estadual, ocorreu em 2002 pelo Condephaat, que tombou a edificação por fazer parte de um conjunto de 160 edificações de interesse cultural no Estado de São Paulo.
Em 2002 é criada a Comissão de Acervo - grupo formado por técnicos do Museu, para avaliação de objetos e documentos doados ao Museu a serem inseridos ao seu acervo, além de aprovações de solicitações de empréstimos de imagens fotográficas para diversos. Nesse momento havia no seu acervo, 20.000 imagens fotográficas, 14.000 documentos escritos e publicações, além de 5.000 objetos.
Em 2003 o Museu esteve com suas atividades interrompidas para a recuperação do telhado e pintura das paredes do prédio, com exceção da Biblioteca que continuou atendendo pesquisadores e consulentes em geral.
O Museu foi reaberto depois de nove meses (2004), com a exposição “90 Anos de Historia”, em comemoração aos noventa anos da escola que funcionou no prédio, expondo fotos e objetos escolares. Outras exposições ocorreram, tais como “Retratos do Cotidiano: A Cidade e Sua Gente”, na varanda com imagens do acervo de fotos, “Museu de Todos”, “Santo André nos Esportes”, que continua até hoje, “Imigrantes: Álbum de Família”.
Foi lançado um novo projeto de exposições, a Sala Perfis - espaço inaugurado com uma mostra sobre o médico e estudioso, que hoje dá nome ao Museu, Dr. Octaviano Armando Gaiarsa. Esta exposição denominada “A Cidade e o Cidadão”, contou com fotomontagens panorâmicas das décadas de 1960 e 1970 produzidas por ele, além de retratos e objetos pertencentes ao homenageado. Foi uma homenagem em vida que o Museu proporcionou ao medico, pesquisador, fotógrafo e escritor da cidade.
Foi aberta, em 15 de março, a exposição sobre “Josué de Castro - Por um Mundo Sem Fome”: textos e fotos sobre a vida e obra do médico, professor, geógrafo, sociólogo, político e escritor pernambucano. Essa mostra foi parte do “Projeto Memória”, uma parceria entre o Banco do Brasil e a Petrobrás.
Em outubro, é criada a Lei nº 8.764 de 01/10/05 para a denominação de “Museu de Santo André Dr. Octaviano Armando Gaiarsa”. Resultado de projeto de lei apresentado pela vereadora Dinah Zekcer, como forma de homenagear o médico envolvido com a memória da cidade, que escreveu livros, entre eles dois sobre a cidade. Ele fez doações de 2.504 fotos, 155 documentos, 47 objetos e 402 publicações de interesse para o acervo do Museu, alem de ter sido membro da Comissão Organizadora do Museu. A oficialização do nome se deu através de evento ocorrido no Museu em 26 de abril de 2006.
Ocorreu o lançamento do “Programa de Ação Educativa e Cultural” no Centro Cívico e no Museu, promovendo visitas a grupos organizados e escolas, estimulando o acesso ao patrimônio cultural, o programa é coordenado pela Assistente Cultural Rosemara Rampazzo (27.01.2007). Fazendo parte desse programa, teve inicio um calendário de palestras estimulando o acesso e a valorização do conhecimento sobre a cidade. Tivemos palestrantes como José Armando Pereira da Silva sobre “Três Pintores de Santo André” que tratava de Sacilotto, Suzuki e Paulo Chaves. Apresentação de Valmir de Souza intitulada “Testemunhos Literários da Barbárie no Brasil” e lançamento do livro “Cultura e Literatura: Diálogos”. Palestra de Ondalva Serrano intitulada “O Uso da Transdisciplinaridade para “Realizar o Potencial do Ser Humano”, uma experiência do “Programa de Jovens da Reserva da Biosfera da Cidade de São Paulo”. 
As palestras foram primeiramente dirigidas a professores e educadores, posteriormente foram abertas ao publico.
No ano de 2008 estava ocorrendo no Museu cinco exposições sendo “Ensaio com Obras de Cassiano Ricardo”, “O Retrato e o Tempo - Gente de Santo André”. Reuniu conhecidos fotógrafos profissionais da cidade, responsáveis pela produção de imagens de casamentos, batizados formaturas e retratos, sendo grande parte de fotos de estúdios fotográficos localizados na cidade e pertencentes ao acervo.
Na varanda do Museu estava a exposição “Retratos do Cotidiano - A Cidade e sua Gente”, exibindo uma seleção de imagens selecionadas do acervo. E “Santo André nos Esportes”, mostra parte da coleção relativa ao tema e outra exposição foi “Museu de Todos”, uma mostra didática sobre doações que exibiu objetos e documentos de interesse do Museu. O acervo estava constituído de 24.000 imagens, 7.500 documentos e 4.000 objetos tendo 25.000 visitas ao ano.
Na Sala Perfis, foi instalada a exposição “Carlos Haukal - o Fotógrafo”, que exibiu imagens selecionadas de um conjunto de 800 fotos que foram doadas ao acervo do Museu, por familiares do profissional.
Através de projeto “Museu de Santo André - Museu em Imagens” desenvolvido pelo Instituto Navegar, aprovado pela Lei Rouanet e patrocinado pela Petrobrás, foram digitalizados 27.000 imagens, 20.000 documentos escritos e 7.000 objetos, incluindo quadros, utensílios, louças e indumentárias.
O artista - vindo do universo urbano, da arte urbana com experiência em grafite do qual é influenciado - “Intimidade do Caos” foi uma exposição de quadro a óleo sobre tela da artista Stella Ambrosio sobre o medo. “Luzes do Subúrbio”, exposição de óleo sobre tela de Edgard Rodrigues e trata da pintura a partir de temas relativos à infância e vivencia na cidade. “Cores de São Paulo”, exposição apresentada pelo artista plástico Enzo Ferrari, que forma um grupo constituído de 12 artistas integrantes que apresentaram obras de esculturas, pinturas, desenhos com trabalhos que podemos destacar a fachada do Museu de Santo André.
Trabalhando com a idéia de mostrar as influencias e presença cultural de outros grupos étnicos relativos a imigrantes e/ou cidades-irmãs ocorreu a exposição “Universo Cultural de Okinawa em Santo André” (18/11/2010). Expôs objetos e outros itens trazidos por imigrantes e seus descendentes, comemorando os 55 anos da Associação Okinawa e retratando a cultura da província de Okinawa que tantos imigrantes possui nesta cidade. A idéia foi mostrar que o cotidiano de Okinawa está inserido no cotidiano andreense. O evento contou ainda com apresentações musicais e danças tradicionais japonesas, exibidas por membros da Academia Tamagusku Lyoteda Hakuyo Nokai, da professora Yoko Gushiken e músicas apresentadas pelo grupo Heroes Sanshi Band e Grupo de Dança Ajisai.
Ocorreu um Curso de Capacitação para “Conservação de Documentos e Fotos” organizados pelo Sistema Estadual de Museus do Estado de São Paulo.
Na varanda do Museu encontra-se instalada a exposição “Retratos da Cidade” (16/04/2011), que exibe fotos do acervo do Museu. Exibindo imagens aéreas ou não que mostram bairros das cidades tentando abranger a maior área possível registrada nas imagens do acervo.
Em 2012 o acervo do Museu de Santo André está formado por 10.000 documentos escritos “Fundo Câmara de São Bernardo”; 26.100 fotos e negativos, 884 teses, 863 publicações sobre o ABC; 4.770 objetos entre ferramentas de trabalho, trajes, peças do cotidiano, obras de arte, troféus e medalhistica; 30 coleções de jornais; 192 títulos e jornais avulsos e 9035 documentos textuais avulsos. Tendo ainda um grande numero de coleções e peças individuais doadas por particulares e Instituições que ainda não foram indexados.



SINOPSE
O inicio do acervo do Museu de Santo André, se deu com a entrega da documentação conhecida como “Fundo Câmara de São Bernardo” pela Biblioteca Central de Santo André, ao Museu. Essa documentação havia sido transferida à Biblioteca com a intenção de ser preservada, por ser considerada histórica isso ocorreu na década de 1960 e o material foi entregue à Nair Lacerda, responsável pela Biblioteca Publica Municipal. A coleção preservada e entregue ao Museu de Santo André, em 1982 reúne documentos, impressos, datilografados e manuscritos sobre a criação do município de São Bernardo que abrangia toda a região do ABC a partir de 1890. São documentos responsáveis pelas decisões legislativas e solicitações de munícipes aos vários serviços públicos que se iniciavam na cidade.
Com a tentativa de se criar o Museu de Santo André, elaborou-se o projeto “Museu Histórico Pedagógico Américo Brasiliense”. Ocorreu uma exposição no Instituto que leva o nome do Museu criado por decreto, coletaram-se informações de interesse para a formação de acervo, porém nada foi mantido e as peças e documentos tiveram destino desconhecido.
Uma campanha de coleta para formação do acervo, ocorrida na década de 1970 pela Prefeitura de Santo André, reuniu numa exposição no Salão de Exposições do Centro Cívico o trabalho de coleta intitulado “Nosso Passado Pode Estar com Você”. Recebeu um grande número de fotos, objetos e outros documentos, porém não temos o levantamento total dessas doações. Mas, se manteve a coleção de Anais da Câmara Municipal de Santo André do período de 1948 a 1962, além de algumas poucas fotos com Imigrantes japoneses e objetos como a “1ª Maquina de Tricot Lanofix”.
A partir de 1982, com a formação da Comissão Organizadora do Museu de Santo André, foi iniciada uma coleta de forma mais técnica. Foram visitados vários setores da Prefeitura e coletados muitos objetos, documentos e fotos de interesse. Ocorreram doações de grandes coleções de artistas plásticos como Paulo Chaves e Guido Poianas, escritores como Otaviano Armando Gaiarsa, objetos de atividades esportivas da Rhodia, além de documentos, fotos e objetos de vários setores da própria Prefeitura de Santo André.
O trabalho de coleta é um trabalho incansável do Museu que sempre ocorre através de contatos, muitas vezes elaborados pelos próprios doadores interessados na memória da cidade.

Formação do acervo do Museu de Santo André.
A intenção de se obter um espaço cultural, criando um acervo que preserve informações relativas à cidade de Santo André e seus moradores como Museu, teve inicio em 1950. Foram preocupações em valorizar a importância histórica da cidade dentro da história nacional, expondo o seu desenvolvimento a partir da fundação da Vila de Santo André da Borda do Campo, por João Ramalho. que comemorava 400 anos. Foi apresentada uma Feira Industrial, Comercial e de Lavoura e foi ainda proposta a criação de monumentos e biblioteca além do Museu, que não ocorreu.
Nas décadas seguintes ocorreram outras iniciativas partindo de políticos, vereadores, Escolas, incluindo professores e alunos como o Instituto Américo Brasiliense. Funcionários públicos também tiveram papel importante na discussão de se criar o Museu, desenvolvendo pesquisas, coletando documentos, organizando exposição como “O Nosso Passado Pode Estar Com Você” e escrevendo relatórios que registraram esses momentos.
Na década de 1980 foi criada a Comissão Organizadora do Museu de Santo André, que resultou em projeto de Museu de Cidade, dando continuidade à coleta de bens para o seu acervo que já havia se iniciado e divulgando o projeto na mídia. Criaram-se cargos específicos e equipe de trabalho. O Museu de Santo André foi criado oficialmente pela Lei nº 5942 de 03 de agosto de 1982 e Instalado em 1990, durante a organização do I Congresso de Historia do Grande ABC, com o apoio de parte da população e do GIPEM - Grupo Independente de Pesquisadores do ABC. O Museu foi instalado no prédio de interesse na sua preservação: o edifício que havia sido I Grupo Escolar de São Bernardo, que abrangia toda a região do ABC.
Em outubro de 2005 é criada a Lei nº 8.764 denominando o Museu como “Museu de Santo André Dr. Octaviano Armando Gaiarsa”.
O Museu desenvolve uma série de trabalhos como a catalogação de documentos escritos, fotos e objetos. Além da continuidade de coleta de acervo, são feitas exposições para divulgar suas coleções e envolver um publico interessado na preservação do patrimônio cultural como um todo. Possui serviços como Encontro de Pesquisadores, Sala Especial, Ação Educativa e Cultural.

Wilson Roberto Stanziani de Souza - Museólogo
Santo André, SP - 2012