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RETROSPECTIVA DO MUSEU DE SANTO ANDRÉ
Wilson Roberto Stanziani de Souza - Museólogo
Wilson Roberto Stanziani de Souza - Museólogo
Santo André, SP - 2012
1950
Através da Lei
589 de 29/11/1950 é criada a “Comissão Geral de Festejos do IV Centenário da
Fundação de Santo André da Borda do Campo”. Sendo membros natos os prefeitos de
Santo André da Borda do Campo, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul e os
presidentes das Câmaras Municipais, além de outros membros. Entre os objetivos
da criação da Comissão constavam:
a) erigir no
perímetro urbano da sede de Santo André, um monumento a João Ramalho e outros
vultos da história de Santo André da Borda do Campo;
b) organizar e
realizar em 1953 uma exposição em que a indústria, o comércio e a lavoura apresentem
os seus produtos; com a colaboração das associações em geral;
c) organizar a
Biblioteca Publica e o Museu Histórico
Municipal.
d) realizar outras
obras que, por iniciativa própria ou dos Legisladores e Executivos dos
municípios mencionados no artigo 2° ou das entidades representadas na Comissão
possam contribuir para e solenidade e brilhantismo das comemorações.
O “projeto de
lei” desenvolvido em 1952 cria a Biblioteca Publica Municipal e o Museu
de Arte e Objetos Históricos de Santo André, “dotando-o de sede, móveis,
utensílios, estantes e outros elementos necessários à sua existência’.
Porém, a Lei
nº 732 de 20/10/52 aprovada na Câmara Municipal cria a Biblioteca Publica
Municipal de Santo André a ser instalada em 1953. Autorizando a “doação pura e
simples de livros, documentos e afins de cunho cultural para serem incorporadas
ao patrimônio da Biblioteca”.
A Biblioteca
Publica é inaugurada. O monumento ao fundador (da Vila) de Santo André foi uma
doação da Colônia Portuguesa que encomendou a obra a Emanuel Manasse, uma
estátua a João Ramalho instalada na Praça IV Centenário. Praça projetada para a
Feira Industrial, Comercial e de Lavoura, cujo nome evidenciava o ensejo
comemorativo dos 400 anos da Vila de Santo André da Borda do Campo. O Museu
de Santo André não é citado.
1960
O Jornal News
Sellers, antecessor do Diário do Grande ABC, publica em 31 de janeiro de 1960
uma matéria do qual “... preocupados com o patrimônio cultural...” da cidade de
Santo André reuniu-se, além de jornalistas, o representante do Gabinete da
Secretaria de Educação da Prefeitura, Nicola Tortorelli afirma que em nome do
Secretario de Educação Queiróz Filho, interessado em formar uma Comissão
designada pela Prefeitura, Câmara Municipal e Delegacia de Ensino, para estudar
e organizar o Museu Histórico Pedagógico. Comissão
da qual fará parte Vinício Stein de Campos, Luiz Adhemann, Paulo Lencastre e
Tereza de Almeida.
O vereador
Hercílio Bueno da Silveira solicita através de requerimento ao Senhor Prefeito,
providências para a criação do Museu Municipal
de Santo André. Indicando à mesa em sua justificativa “... a criação do Museu
Histórico e coisas da nossa cidade, constituiria um fator de curiosidade e, até
certo ponto, de turismo, além de criar o gosto pelo estudo de nossas
coisas...”.
Em 09 de
novembro 1962 durante as sessões extraordinárias é apresentado o projeto de lei,
autorizando o Departamento de Educação e Cultura a realizar pesquisas, adquirir
ou receber por doação, obras de arte e objetos de valor histórico, para a
instalação do Museu de Santo André.
Segundo o jornal
O Repórter de 10 de janeiro de 1965, publica-se que o prefeito Fioravante
Zampol, recebe ofício do governador do Estado de São Paulo, afirmando o
interesse em instalar um Museu de documentação
relativa a historia determinando que “... peças e documentos... fossem
catalogados...”
Em 1966, foi
organizado um curso de museologia dirigido a professores, alunos e organizado
por Vinício Stein de Campos. O curso ocorreu no Instituto de Educação Américo
Brasiliense, onde se formou um grupo de estudos para a criação de um Museu
em Santo André. Assim
através do Decreto 47815 e publicado no Diário Oficial, em 21 de novembro de
1966 cria-se o “Museu Histórico e Pedagógico
Américo Brasiliense”. Museu
com intenções educacionais e que através do grupo de trabalho, formado por
professores e alunos do Instituto, reuniu numa exposição numa das salas da
escola, objetos, documentos, fotos da cidade, além de mineralogia, filatelia,
numismática, medalhística, trajes, troféus e outros bens de interesse histórico
e educacional. O material coletado foi exposto como forma de divulgar e
continuar arrecadando itens de interesse junto à população local para formação
do acervo. Desses bens coletados, surgiram objetos como cruzes do antigo
cemitério do Pilar, pedaços de trilhos do antigo bondinho que circulava no centro
de Santo André, no período de 1922 a
1930; coleção de Anais da Câmara Municipal de Santo André do período de 1948 a 1962 além de utensílios
domésticos e equipamentos alusivos à 2ª Guerra Mundial.
O Museu
acabou não se concretizando. Segundo alguns depoimentos, foi questionada a
denominação do Museu “Américo Brasiliense”. Não
havia interesse em manter esse nome, ocorrendo um movimento entre professores,
alunos e representantes do poder publico sob alegação de que o Sr. Américo
Brasiliense não esteve ligado à história de Santo André, nunca esteve na cidade,
além disso o Museu em questão estaria restrito
a atender apenas a escola e assim não havia justificativa em se manter essa
denominação. O projeto acabou ficando no esquecimento e os documentos
recolhidos para a formação do acervo tiveram destino desconhecido.
Esse movimento,
para se criar o Museu Histórico Pedagógico
Américo Brasiliense pelo Estado com o apoio da Prefeitura de Santo André e do
Instituto, perdurou até 1972.
Em 1982, estive nas dependências do Instituto Américo Brasiliense e tive a oportunidade
de apreciar alguns objetos localizados no porão de uma escada: um pequeno tear
manual de madeira, uma santa de material metálico, alguns livros e outros
objetos indecifráveis, partes do acervo abandonado.
Em relação à Prefeitura
de Santo André, havia apoio para se criar um espaço de preservação, o que se
pode notar pelos depoimentos da Senhora Nair Lacerda, responsável pela
Biblioteca Pública Municipal. A
Biblioteca preservara um conjunto de documentos que havia sido transferido da
Câmara Municipal para a Secretaria de Cultura, conhecido como “Fundo Câmara de
São Bernardo”. A coleção reúne documentos que versam sobre a criação da Câmara
Municipal de São Bernardo a partir de 1894, responsáveis pelas decisões legislativas
dos vários municípios que formam hoje a Região do ABC.
Dona Nair
comentava em entrevistas jornalísticas, no Diário do Grande ABC, mais
precisamente em 31 de setembro de 1964, sobre a criação de um “Centro de
Documentação Histórica de Santo André”, mas não houve andamento desse assunto.
O “Fundo”, hoje, está integrado ao acervo do Museu
de Santo André e constitui um significativo material sobre a região do ABC e é
o inicio de constituição do acervo do Museu de
Santo André.
Em 1968, em 13
de maio através da Lei 2.943, a
Prefeitura de Santo André desapropriou o imóvel localizado à Rua Campos Salles,
nº 414, declarando-o de utilidade pública pelo Decreto nº 4185 de 04/03/1968. “...
enquanto não tiver instalações próprias, fica o governo autorizado a utilizar o
imóvel...” para funcionamento do Museu
Histórico de Santo André. O que não ocorreu e hoje na edificação se encontra
instalada a Casa do Olhar, espaço cultural voltado às artes plásticas.
1970
Na década de
1970 foram desenvolvidos relatórios sobre as possibilidades de se instalar um Museu
para a cidade. Elaborados pela Assistente Técnica da Secretaria de Educação,
Cultura e Esportes da Prefeitura de Santo André, Maria Célia Furtado. Foram feitos
dois relatórios, o primeiro em 30/10/74 e o segundo em 05/02/1975.
Nesse
trabalho, resultado de pesquisas e estudos de maneira informal, ocorreram
visitas a Museu s, contatos com museólogos como
Valdisa Camargo Guarnieri, além de leituras em revistas especializadas, consultas
a legislações que criam Museu s, Associações de
Museologia, publicações tipo Anais, Guias de Museu s,
Boletins, etc.
Os relatórios
se mostraram bastante atualizados colocando o Museu
para a comunidade em termos de participação e formação, criando dinamismo com motivação
para a vida comunitária, promovendo montagens
periódicas de exposições, conferências, cursos, projeções de filmes,
concursos, concertos em atividades constantes. Sem ser um Museu
estático, sem promoções e sem integração na vida comunitária, tem como
objetivos: ser um centro de irradiação cultural, recreação e lazer. Fazendo um
levantamento histórico da cidade preservando a herança histórico-sócio-cultural
da cidade. Promovendo a difusão e o conhecimento desta herança tanto para a
população local como para o mundo exterior.
Propõe ainda organizar uma mostra de objetos relacionados à vida da
cidade, fazendo uma coleta de objetos, fotos, documentos, móveis.
Como resultado
desses relatórios, durante a administração do Prefeito Antonio Pezzollo, em
1975 e numa iniciativa elaborada pelo Sr. Miller Paiva e Silva, Secretário de
Educação, Cultura e Esportes da Prefeitura de Santo André, desenvolveu-se uma
campanha para arrecadar, junto à população local, bens de interesse para
organização do acervo do Museu de Santo André.
Para tanto foi
contratado o fotógrafo Antonio Macedo, designado para pesquisar e desenvolver a
coleta de imagens fotográficas para instalação da exposição “Nosso Passado Pode
Estar Com Você” ocorrida no Salão de Exposições do Centro Cívico. Foram
expostos 70 painéis relativos à história e à memória do desenvolvimento urbano
da cidade reproduzidas através de imagens fotográficas originais, revistas e
jornais. Além de objetos, bens que fazem parte do início da formação do acervo
propriamente dito do Museu de Santo André.
1980
Durante uma vistoria,
em 1980, elaborada pelo Sr. Miller Paiva e Silva, Chefe de Divisão de Educação
e Cultura da Prefeitura de Santo André, foram apresentadas a mim, três opções
para escolha de edifício para a instalação do Museu
de Santo André:
1º. Casa
principal do Parque Regional da Criança Palhaço Estrimilique, antiga sede do
Haras Jaçatuba que pertenceu à família Assunção.
2º. Edificação
principal da antiga Chácara Pignatari, hoje Parque Regional Prefeito Antonio
Pezzolo.
3º. Edificação
do antigo I Grupo Escolar de São Bernardo, na época sede da Fundação de Assistência
Social e antiga Escola Estadual José Augusto de Azevedo Antunes.
Das três
alternativas, sugeri o prédio do I Grupo Escolar de São Bernardo para a
instalação do Museu de Santo André.
Através da
Portaria nº 1278.06.81 foi criado pelo Prefeito Lincoln Grillo a “Comissão
Organizadora do Museu de Santo André”, constituída
por professores, escritores, empresários, políticos, arquitetos, historiadores,
museólogos e outros interessados em discutirem o assunto da instalação do Museu
na cidade. Eram membros: Octaviano Armando Gaiarsa, Euclydes Rocco, Nelson
Zanotti, Marli Camarozano Kopczynsky, Jose Roberto Janola Cyrne Filho, Helena
Stamato Copini, Luis Antonio Ferreira Gomes, Miller Paiva e Silva e Inajá
Bevilacqua Pereira da Silva e eu. Posteriormente em substituição a alguns
membros que se retiraram por motivos pessoais, foram inseridos os nomes de
Clovis Roberto dos Santos Filho e Marco Antonio Perrone dos Santos.
Na própria
Portaria que criava a Comissão, foi definido o nome do Museu ,
sendo “Museu de Santo André Antonio Chiarelli”.
Havia ainda a orientação para que o Museu
fosse instalado na sede do Parque Regional da Criança, onde se iniciou uma
adequação museográfica em suas salas.
Depois de
várias reuniões, a Comissão sugeriu ao Prefeito para que fosse erigido um busto
ou uma placa de bronze, no saguão do Teatro Municipal, em homenagem a Antônio
Chiarelli como incentivador do Teatro. A Comissão indicava o nome do Museu
como “Museu de Santo André”.
Meses depois,
foi apresentado o projeto do Museu de Santo
André, elaborado pelos museólogos Wilson Roberto Stanziani de Souza e Helena
Stamato Cupini, tendo como tipologia Museu de
Cidade, mostrando desenvolvimento sócio-urbano da cidade. E como objetivos
estudar, reunir, preservar e expor documentos, livros, fotografias e objetos de
diversos gêneros que contribuam para o conhecimento e esclarecimento dos fatos
históricos sócio-econômicos-políticos-esportivos-artísticos do Município de
Santo André e sua região. Depois da coleta junto à população e órgãos públicos
municipais, organizando exposições permanentes e temporárias. E fomentando atividades
como cursos e seminários em seu futuro Auditório.
Através de
oficio nº 38.01.82, em 22 de janeiro de 1982, o Secretário de Educação, Cultura
e Esportes Paulo Roberto De Francisco solicita ao Diretor de Cultura a criação
de um “Museu de Imagem e Som”. Foi respondido
pela Comissão Organizadora do Museu de Santo
André, que não havia necessidade da criação do Museu
de Imagem e Som, independente do Museu de Santo
André, cujos objetivos também abrangia a imagem e o som.
Numa
publicação do jornal Santo André em Noticias, jornal da Prefeitura que
publicava os atos Oficiais Municipais, foi noticiado a respeito da criação de
uma Comissão para estudar a instalação do “Museu
do Esporte” para reunir e conservar todos os troféus e medalhas obtidas por
Santo André em campeonatos das diversas modalidades esportivas. Fizeram parte
da Comissão, que não houve continuidade depois de algumas reuniões, os
senhores: Haroldo Mattei, Jaime Fischer, Alcebíades Luiz Massaini, Lourenço
Franteschi, Ferrucui Balista, Ettore Nobeschi, Paschoalino Assunção, Joel
Gomes, Manoel de Oliveira, Miguel Garofallo, Alécio Garaggioni e Americo Pinto
Serra. Não obtivemos mais nenhuma informação sobre o assunto, porém, a coleção
de troféus e medalhas do Departamento de Esportes da Prefeitura da Santo André,
foi transferida para o acervo do Museu de Santo
André, que adquiriu mais outras peças através de doações, aumentando assim a
coleção. A mesma é exibida na exposição intitulada “Santo André nos Esportes”.
Pela Lei nº
5942 de 03 de agosto de 1982, é criado oficialmente o “Museu
de Santo André” assinada pelo Prefeito Lincoln Peduto Grillo.
Após um ano de
trabalhos elaborados pela Comissão, houve a indicação para que um dos membros da
Comissão fosse contratado para permanecer como funcionário na Prefeitura,
facilitando assim os trabalhos da Comissão e reduzindo reuniões para tratar do
assunto Museu . Sendo assim, foi indicado o meu
nome.
Depois da
contratação do museólogo (foi criado o cargo de museólogo no Departamento de
Cultura), deu-se inicio as atividades da Comissão de maneira mais concreta,
tais como a elaboração de exposições, pesquisas sobre as diversas tentativas de
se instalar o Museu , o acirramento na coleta e
reunião de objetos e documentos para ampliação do acervo e também a coleta de
livros, teses e artigos jornalísticos para a organização de uma biblioteca especializada
em museologia, história local e regional formando uma hemeroteca, mapoteca e arquivo
fotográfico. Além de elaborar projetos museográficos para confecção de
vitrines, cubos de base para grandes objetos, mostruários de documentos todo
material executado nas oficinas da Prefeitura.
Exposições,
com o acervo, foram incluídas na programação geral cultural da cidade, ajudando
a divulgar o Museu e ampliando o conhecimento da população.
A primeira
exposição “Timbres Raros”, instalada nas dependências da Biblioteca Central, mostra
alguns documentos selecionados com timbres artísticos pertencentes a coleção “Fundo
Câmara de São Bernardo”, integrada ao
acervo do Museu . Outra exposição de grande
repercussão na Região do ABC foi a comemoração de “25 Anos de Foto-jornalismo
do Diário do Grande ABC”. Trabalho realizado em parceria entre o Diário e a
Prefeitura de Santo André, através do Museu cuja
exposição percorreu todas as cidades do Grande ABC, incluindo o Centro Cultural
São Paulo da capital paulista.
Outro trabalho
de relevância foi o levantamento da vida e obra do artista plástico Jayme
Batista Paiva, tendo como resultado a abertura de sua residência, para
visitação pública. A residência localizada no Parque Jaçatuba possuía, em todas
as paredes, pinturas decorativas produzidas por ele. A exposição foi ampliada
para o Centro Cultural Infanti - CCl, sendo expostos os chamados estênceis das
pinturas de parede, além de obras como pinturas a óleo e documentos. O trabalho,
elaborado em 1983, ocorreu na edificação do Centro Cultural Infantil - prédio
localizado no Parque Regional da Criança Palhaço Estrimilique, que estava comprometido
para instalação do Museu , no entanto não foi
instalado, sendo criado um espaço cultural para crianças. Além dessa mostra,
ocorreu posteriormente no CCI, a exposição “Memória de Santo André”, com parte
do acervo em formação.
Enquanto
representante do Museu, houve o envolvimento com a preservação do patrimônio
cultural como um todo. Como o trabalho de recuperação do cruzeiro de madeira a
ser instalado na Parte Alta de Paranapicaba. Foi providenciada a execução da
peça, o seu transporte e sua elevação nos jardim da Igreja, durante a Festa do
Senhor do Bom Jesus de Paranapiacaba em 1º de setembro de 1983.
Foi elaborada
a exposição “89 Anos de Estrimilique”, que reuniu fotos, documentos textuais,
objetos de cena, adereços e figurinos do famoso palhaço em 1986. Anos mais
tarde, esse material foi doado pela família Fernandes (familiares do
Estrimilique) para ser inserida ao acervo do Museu .
Outra
exposição desse período foi “Vida e Obra, uma Paisagem Social”, de Guido Poianas,
no Salão de Exposições do Centro Cívico, em 1986. Guido Poianas foi um doador em
potencial ao Museu, de vários itens: interligados a sua vida de imigrante
italiano, morador de Santo André com experiência artístico-profissional, cuja
produção artística gerou exposições, livros e matérias jornalísticas que
promoveram o artista local.
Em paralelo ao
trabalho museólogico, houve também a participação de representante do Museu
em trabalhos, que se iniciava em outros setores da Prefeitura de Santo André,
relacionados à preservação do patrimônio cultural do município. Criou-se assim um
canal de atuação direta nas discussões sobre a preservação do patrimônio cultural
da cidade, assunto que se iniciava na cidade.
Assim ocorreram
as primeiras experiências em abertura de processo de reconhecimento como
patrimônio cultural através de tombamentos: levantamento de informações
relativas ao prédio restante, junto à antiga Estação Ferroviária de Santo André
(originalmente São Bernardo) para dar entrada ao Condephaat, solicitando seu reconhecimento
como patrimônio cultural. O Conselho negou, pois não havia interesse estadual
já que fazia parte da memória local. O órgão do Estado sugeriu a criação de um Conselho
Municipal para a defesa de seus bens municipais.
Em julho de
1984, foram realizadas uma série de discussões sobre a implantação efetiva do Museu
de Santo André, numa iniciativa da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do
ABC e apoio da Prefeitura de Santo André, reuniram-se na sede da Associação dos
Engenheiros e Arquitetos na Vila Pires, especialistas como a coordenadora do
Curso de Pós-Graduação de Museologia da Fundação Escola de Sociologia e
Política de São Paulo - FESP, Valdisa Camargo Guarnieri. Foram discussões
preparativas para a realização do I Fórum de Cultura do Município programado
pela Comissão de Cultura da Câmara Municipal.
Durante uma
discussão no Fórum de Debates, promovido pela Câmara Municipal de Santo André,
para definir política cultural para o município, a proposta “... ampla
mobilização popular para a instalação do Museu ...”,
foi tema de discussão.
Na abertura do
I Fórum de Cultura, os trabalhos de mesa foram abertos pelo Presidente da
Associação de Engenheiros e Arquitetos do ABC, Geraldo Demétrio, cujo
pronunciamento relatava a necessidade do Museu ,
que foi criado pela Lei 5.942 e ainda não estava instalado em sede
própria. A denominação da palestra “Museu
de Cidade - Uma Alternativa Cultural” afirmava que o resgate da história do
município serviria como subsidio para a elaboração de um novo planejamento urbano
para a cidade.
Ocorria também participação do museólogo como
membro representante do Museu de Santo André e
Secretaria de Cultura, na Comissão Pró-Paranapiacaba durante o Movimento
Pró-Paranapiacaba. Este movimento discutia a preservação da Vila Ferroviária de
Paranapiacaba, coordenado por Julio Abe Wakahara e posteriormente por Geraldo
Demetrio, ficando o Museu responsável pela
coleta de fotos e documentos na região para a mostra “Registros da Vila de
Paranapiacaba”. Ela ocorreu em 1985 e foi instalada no Clube de Engenharia em
Santo André, no Clube União Lira Serrano em Paranapiacaba, e depois no Centro
Cultural São Paulo da capital paulista.
Iniciou-se
também o levantamento sobre possíveis bens de interesses arquitetônicos,
monumentos, pontos turísticos e artísticos para cadastro. E também a
organização de um arquivo de informações biográficas sobre os artistas que
fazem parte da Coleção de Arte Contemporânea, resultante dos Salões de Arte
Contemporânea existentes desde 1969 na Prefeitura de Santo André. Nesse período,
a coleção era de responsabilidade do Museu de
Santo André.
Nessa época já
havia na Câmara Municipal, um projeto de lei que criava a Comissão Municipal de
Defesa e Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural da cidade para
“...levantamento do acervo histórico e cultural, indicando a administração publica
para tombamentos...”.
No ano de 1988, a discussão em torno do Museu
de Santo André foi expressada pela Administração Municipal como Centro de Preservação
do Patrimônio Histórico de Santo André. Nesse momento já havia uma estrutura
funcional, embora o trabalho da Comissão Organizadora do Museu
ter se dissolvido. Além da atuação do museólogo e auxiliar administrativa,
havia uma bibliotecária, fotógrafo e agente cultural.
Ainda em 1988,
ainda sem um espaço definido, graças à iniciativa do Secretario de Educação,
Cultura e Esportes Dr. Durval Annibal Daniel, o Museu
(denominado por aquela administração de Centro de Preservação do Patrimônio
Histórico de Santo André) foi instalado nas dependências próximas ao Teatro
Municipal.
Nesse momento
já haviam sido realizadas vistorias e coleta de objetos e documentos nas
dependências da Prefeitura tais como fotos, objetos como cinzeiro do IV
Centenário, placas e bustos de praças que não foram instalados ou foram
retirados por qualquer motivo, livros sobre imigração italiana, além do
recebimento de itens para o acervo por particulares que se propuseram a
colaborar, fazendo doações de objetos e/ou documentos de importância para o Museu
e tendo como referência o processo de desenvolvimento do ambiente urbano
histórico, arquitetônico, artístico e social do município.
O Museu
instalado no andar térreo do prédio da Secretaria de Cultura e Esportes no
Centro Cívico, numa área de 410 m2
teve inicio com uma exposição de parte de seu acervo que havia sido recolhido.
Sendo exibidos: um tear de meias fabricado na cidade alemã de Leipzig, tijolos
da chaminé da Fabrica de Cadeiras e Pequenos Móveis Streiff, livro de registro
de doações em dinheiro e espécie da Revolução Constitucionalista de 1932 - o
chamado Livro Cruz Azul, a 1ª máquina de
tricô da Lanofix, obras artísticas de Guido Poianas, Paulo Lacorte, desenhos,
caricaturas e charges de Vitorio Tarazinsky. Também grande quantidade de fotos,
já que se iniciava o trabalho de preservação de imagens fotográficas e a
catalogação de fotos.
1990
Na chegada da
administração de Celso Daniel, em 1990, deu-se início aos trabalhos relativos à
preservação da memória, à preservação do patrimônio cultural da cidade,
tornando as discussões sobre a memória e historia mais práticas e operacionais.
Em 1990, em comemoração ao 1º Centenário da emancipação política administrativa
da região (criação do Município de São Bernardo em 1890), foi publicado o texto
“Santo André, Duas Cidades, Duas Historias” (maio/1990) - numa iniciativa da
Secretaria de Educação, Cultura e Esportes, através do Departamento de Cultura
e Museu de Santo André, de autoria de uma equipe técnica da Prefeitura. Como
resultado ainda da publicação, foi elaborado o Museu
de Rua “Santo André, Duas Cidades, Duas Histórias” (02/05/1990) divulgando o
texto e exibindo fotos do acervo relacionadas ao assunto; A exposição foi
instalada na Praça do Carmo e em outros pontos da cidade, contou a trajetória
da historia da região como um todo a partir da Fundação da Vila de Santo André
por João Ramalho.
Iniciaram-se
as ações para a instalação definitiva do Museu
de Santo André na significativa edificação, que foi escola do Estado, no prédio
do antigo I Grupo Escolar da região do ABC. O Edifício da Escola Estadual José
Augusto de Azevedo Antunes, antigo I Grupo Escolar de São Bernardo, contava com
1070 alunos, do 1º ao 5º ano escolar, distribuídos em 10 salas de aulas, em três
períodos, além de um curso noturno com 400 alunos. O prédio estava desgastado e
superado para sua função. Havia na Secretaria de Educação do Estado de São
Paulo, desde 1962, o projeto para a demolição total do prédio e construção de
um novo edifício com três pavimentos. Porém ex-alunos discordaram de sua
demolição e sugeriram que o velho prédio fosse restaurado e transformado em Museu ,
passando a ser considerado patrimônio publico.
Foi aberto na
Prefeitura o Processo nº 37.980/76 para permuta
com o Estado que durante a negociação foi imposta a condição em comportar nessa
edificação, o Museu da Cidade. Em um de seus
pareceres podemos ler que “...o prédio é suficientemente amplo para abrigar as
dependências do futuro Museu . A adaptação para tal finalidade é simples e
de baixo custo, visto que o prédio se encontra em excelente estado de
conservação...sua localização no centro da cidade...resulta em fator positivo,
facilidade de transportes coletivos, de casas de lanches nas proximidades e
possibilidades de se reservar a área interna para estacionamento...”. Sugere
ainda a denominação de “Museu de Cidade”. O
parecer foi assinado pelo Chefe de Divisão de Educação e Cultura da SECE -
Secretaria de Educação Cultura e Esportes, Miller Paiva e Silva em 30 de
janeiro de 1981.
Depois de
realizar a operação de permuta, na verdade foram anos de andamento do processo
para essa oficialização, o Museu foi instalado
no local em que foi o I Grupo Escolar de São Bernardo, o Grupo Escolar de Santo
André, a Escola Estadual José Augusto de
Azevedo Antunes, a Promoção Social do Município e a Fundação de Assistência
Social.
Muitos
moradores da cidade estudaram no Grupo. Além do prédio já fazer parte da
paisagem e, portanto, exemplar da memória da cidade, criou-se vínculo de referência
para a cidade, um prédio acima de tudo afetivo aos munícipes.
O edifício em forma de “U”, tem uma varanda
aberta para um pátio interno que integra as salas de aula. Isolado do exterior
e aberto para a direção da escola, que controlava as atividades educacionais
desenvolvidas nas salas de aula, criando uma separação entre professores,
alunos e alunas, com entradas diferenciadas por gênero. Nas paredes da
edificação, que teve início sua construção em 1912, começou um trabalho de
recuperação da edificação respeitando os detalhes arquitetônicos devido à sua
preservação. Foi elaborado trabalho de prospecção, sendo retiradas de forma
delicada as várias camadas de tinta utilizadas em quase 100 anos de atividades
escolares com grande fluxo humano.
O esclarecimento
de reconhecimento das camadas de tintas (prospecção) teve como resultado o que
seria a primeira pintura utilizada. Definiu-se como conceito de sua recuperação,
a intenção de se manter as cores a partir do levantamento que resultou em suas
cores originais. Os gradis da varanda foram retirados para sua recuperação e
nova pintura na cor grafite fosca para serem recolocadas no lugar. Fora, adquiridos
corrimões de madeira a partir de exemplar de modelo original. Recortes de paredes
para adequação de grande sala de exposições, com aprovação pelo Condephaat - este
Conselho Estadual havia aberto processo de tombamento do prédio. Substituição
de ladrilhos hidráulicos por similar a partir de modelos originais, produzidos
por fabrica de ladrilhos, com mais de 60 anos de experiências.
Substituição
dos forros, das salas de aulas, por forros criados a partir de modelos originais,
denominado popularmente de “saia e blusa”. Foi adquirido novo forro da varanda
em madeira tipo “macho e fêmea”, existente no mercado, denominado de “forro paulista”.
Substituição de telhas de cerâmica francesas tipo “Marselha”, produzidas até
hoje.
A utilização
do prédio, a partir de 1990 como espaço cultural para construção da memória
local, se deu durante o 1º Congresso de Historia da Região do ABC (27/08/ a 31/08/1990).
Teve apoio do GIPEM - Grupo Independente
de Pesquisadores da Memória do ABC - para instalação do Museu
e da organização do I Congresso e nesse evento ocorreu a exposição de
Grudizinski (agosto 1990).
Após a
abertura com a inauguração do Museu e a adequação museográfica no prédio, ocorreu
em 08 de dezembro de 1990 a
abertura da exposição “Memória do I Grupo: O Capuz Transparente da Saudade”.
Foi organizada a mostra “Teatro: Memória da
Linguagem” 11/04/1991 em comemoração aos 20 anos do Teatro Municipal.
Foi também elaborada a exposição Museu
de Rua “Origens do Movimento Operário do ABC” (04/07/1991) com fotos e textos
que contavam as lutas operárias na cidade em 10 painéis, sendo instalado no
Paço Municipal de São Bernardo e no Museu .
“Dom Jorge um
Bispo no ABC” (19/09/1991), foi uma exposição que reuniu livros, textos, fotos,
trajes, paramentos e objetos litúrgicos, sobre o 1º Bispo da Diocese de Santo
André. Conhecido como o Bispo dos Trabalhadores.
O Museu
elaborou na Câmara Municipal a exposição “Dos Primeiros Passos ao Paço”
(08/05/1992), que reuniu as primeiras atas da cidade de Santo André, conjunto resultante
de uma transferência de documentos da Câmara para o acervo do Museu .
Foram expostas a “1ª Lei promulgada em
São Bernardo ” (antigo município do ABC) de 1902. O “1º
Decreto-Lei de 1939” .
A “1ª Lei do Município de Santo André” de 1947 e fotos aéreas da cidade.
Com apoio
cultural da Rhodia, a Prefeitura de Santo André publica o livro “Santo André -
Cidade e Imagens” (24/07/1992), sendo o projeto editorial e pesquisa de
história desenvolvida pela Empresa Ícone Pesquisas de História coordena por
Marly Rodrigues. O livro tinha como objetivo principal, a divulgação de parte
do acervo fotográfico pertencente ao Museu de
Santo André e contar a história da cidade.
Nesse mesmo
ano, no final do mês de setembro, deu-se inicio à Ação Educativa, trabalho
desenvolvido para receber escolas e outros grupos organizados no Museu. Tinha
como conceito divulgar o Museu como local de difusão de conhecimento da região,
disponibilizando pesquisa, exposição e preservação do patrimônio cultural como
um todo.
Durante
pesquisas em material coletado para o acervo do Museu ,
organizou-se uma exposição de grande repercussão: reuniu as sociedades
culturais Sociedade de Belas Artes de Santo André, Sociedade Amigos da Musica,
Sociedade Amigos do Livro e muitas outras. Foi instalado um atelier do artista
plástico Paulo Chaves, com objetos doados por sua família durante a exposição
intitulada “Sociedades Culturais: Reflexos de Uma Época” (14/08/1992).
Nesse mesmo
ano de 1992 foi exibida a exposição “A Mão e a Máquina” (19/11/1992), sobre a
indústria e a evolução urbana da cidade e lançamento do livro “Migração e
Cidadania” de autoria de Ademir Médici. Teve também o evento para discussão
sobre a “Construção da Memória de Santo André”, com o lançamento de folhetos
estatísticos publicados pela Prefeitura de Santo André.
O prédio, que
abriga o Museu, foi reconhecido como patrimônio cultural pelo município através
do tombamento pelo COMDEPHAAPASA - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,
Artístico, Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico de Santo André, em 1992.
O item mais
antigo do acervo é o “Livro Caixa de 1890” ,
do Fundo Câmara de São Bernardo. A Biblioteca do Museu, especializada na
bibliografia sobre o ABC, possuía 500 volumes entre livros e teses. 35 teses (áreas
de sociologia, historia, arquitetura, economia, educação) são relacionadas à
cidade, levantamento feito pelo GIPEM. O conjunto de fotos se inicia no final
do século XIX.
Foi lançado o
concurso de desenho para crianças “O que você mais gosta em Santo André ?” em 18/05/1993 e
tinha como objetivos:
a. observação da necessidade de
valorização e preservação do patrimônio cultural;
b. exercício de uma atitude
reflexiva e ativa diante do conhecimento produzido.
c. para que o visitante sinta-se
a vontade e estimulado.
Também ocorreu
o curso de encadernação e conservação de papéis para profissionais de
museologia, biblioteconomia e outros, organizados pela Bibliotecária
funcionária do Museu Nilza Barbosa Saiki.
Foi elaborado
um convênio entre a Prefeitura de Santo André e o as Tintas Coral para a
pintura do prédio do Museu .
A exposição “Santo
André nos Esportes” (28/04/1995), que se mantém ate hoje, reúne: troféus e
medalhas de modalidades esportivas em que atletas locais se apresentaram
trazendo a sua premiação, publicações e uniformes de Jogos Abertos do Interior
e Jogos Abertos Regionais e até participantes de Olimpíadas internacionais.
A exposição
“Oba! De Volta a Alegria. É Carnaval”, fevereiro e março de 1997, apresentou
material de várias Escolas de Samba da cidade: Lírios de Ouro, Beleza Pura,
Leões do Vale e outras. Na sua abertura contou com a apresentação da Bateria de
uma das escolas de samba participantes da exposição.
Em seguida
tivemos a exposição “Água, Caminhos e Imagens” 28 de abril de 1997, numa
parceria com o SEMASA que apresentava o saneamento básico em Santo André. Nessa oportunidade
houve o lançamento de um carimbo comemorativo para celebrar o dia Mundial da
Água.
Outro trabalho
de grande repercussão na mídia, ampliando a visitação ao Museu
foi a exposição “Trajetória Imigrante, Fatos. Relatos e Retratos” de 29 de
novembro de 1997, que reuniu fotos, objetos, trajes, bagagens com intervenções
de artistas plásticos e cenógrafos . Essa
exposição teve uma ampla divulgação ao Museu , e
contou com um grande número de visitantes, resultado de um projeto e produção
apurado de uma equipe de produção diversificada com artistas plásticos e
cenógrafos, além dos técnicos do Museu . Foi
contratado o profissional cenógrafo Gigio, que foi responsável pela construção
de uma proa de navio que balançava quando algum visitante o adentrava, sentido
como que se fosse o movimento do balanço do mar. Isso tudo para trazer o clima
de mistério e ansiedade na nova vida que o imigrante vivenciou na sua viagem
para o Brasil. Em paralelo a esta exposição deveria ter ocorrido a mostra de
Luis Sacilotto “Concreções”, porém por problemas técnicos não ocorreu, sendo
substituída por uma mostra de matérias
jornalísticas sobre o artista plástico.
Foi lançado
também um bilhete de extração da Loteria Federal, exibindo a “Minerva” estátua
italiana instalada frontalmente no jardim do Museu .
Foi
desenvolvido o projeto e execução de 14 pontos para exibição do Museu
de Rua, nos vários bairros de Santo André sendo exibidos fotos e textos da memória
local.
A exposição
“Laços e Enlaces”, 25 de março de 1999, reuniu no salão principal do Museu:
vestidos de noivas, fotos, lembrancinhas de casamento e outros itens
relacionados ao tema. Para isso, além do acervo do Museu, contou com doações
ampliando sua coleção: trajes de noiva e noivos, trajes de madrinhas e
padrinhos, além de material escrito como convites, fotos e outros bens de
interesse e curiosidade.
Depois da
experiência expositiva de imigrantes vindos a Santo André de várias partes do
mundo, instalamos a exposição “De Todos Os Lugares: Histórias de Migrantes” (27/09/1999)
que obtivemos uma expografia específica e projetada especialmente para esse
fim. Optamos por grandes mostruários inspirados em “dioramas”, que são espaços
que exibiam objetos, trajes, obras de arte, peças de artesanato procurando
manter um “clímax” original, como: paredes grafitadas urbanos, pintura de
paisagem do sertão, lojas de artesanato, altares de igreja e outros conjuntos
de objetos trazidos de diversas partes do Brasil, por migrantes que vieram de
mudanças para esta cidade.
Criamos também
uma equipe multidisciplinar para esse trabalho, tendo a participação do artista
plástico Renato Brancatelli, de São Caetano do Sul, para execução de pinturas
de fundos de alguns diorama. Mais bagagens com intervenções de artistas
plásticos e cenógrafos.
Ouve a publicação
do livreto “Trajetória Imigrante: Tempo de Lembrar”, texto desenvolvido no Museu
a partir de depoimentos de moradores na cidade originários de outros estados ou
interior de São Paulo.
Devido ao
grande fluxo da presença de pesquisadores que estudam temas relacionados a
Santo André e ABC, teve início um projeto para reunir pesquisadores para
apresentarem e discutirem resultados da pesquisas de seus trabalhos sendo
criado o 1º Encontro de Pesquisadores de 25 de abril de 1998. Trata-se de um
seminário que reúne um publico especifico. Em geral, muitos trabalhos foram
pesquisados na Biblioteca do Museu e desenvolvem
temas que abordam os aspectos sociais, culturais ou históricos e vários outros. Esses
Encontros, organizados anualmente pela Bibliotecária do Museu
Márcia Cruvinel, continuam ocorrendo tendo como resultado a publicação de
textos ou catálogos.
Já chegamos ao 12º Encontro de Pesquisadores
que continua reunindo trabalhos inéditos desenvolvidos por pesquisadores buscando
estimular o intercambio entre a Biblioteca do Museu
e os freqüentadores da Biblioteca levando o conhecimento dos interessados nos
diversos assuntos que ora são apresentados. Em
2010 não ocorreu o Encontro devido a problemas técnicos. Em muitos Encontros ,
publicou-se textos produzidos pelos palestrantes, até o 6º ocorreram essas
publicações, desde 1994 por problemas de
ordem financeira a Prefeitura deixou de publicá-los.
Nesse ano de
1999 ocorreu no pátio interno do Museu de
Santo André o show do cantor Moraes Moreira. Diversificando assim a programação
cultural do Museu .
A Sala
Especial teve início em 1995 com o objetivo de apresentar e divulgar trabalhos
realizados individualmente ou por grupos com temas relacionados à cidade e seus
moradores, sendo as exposições apresentadas de responsabilidade do interessado
com o apoio técnico do Museu . A Sala foi aberta com a exposição “Museu
no Museu ” (abril/1995), que exibiu aquarelas
da artista plástica Meirelle Lerner registrando nas obras características
arquitetônicas do prédio do Museu . Outras
exposições que podem ser destacadas foram “Reminiscências” (julho/1995) - fotos
de Paranapiacaba de autoria de Adauto Rodrigues, “Santo André: Paisagem e Cor”
(set/1999) - pinturas em óleo sobre tela, mostrando paisagens da cidade a
partir de memória ou imagens fotográficas de autoria de José Rodrigues Vibian.
Em 2006,
ocorreu na Sala Especial a mostra itinerante de um grupo de 8 artistas com trabalhos urbanos como grafite, dança,
“hip-hop”, rap. A mostra denominada “1”
(Um) foi a primeira de uma série que o grupo se propôs a desenvolver e a mostra
viajou, segundo projeto dos autores, para outras localidades.
Outra
exposições de relevância foram:
“Câmara Clube
de Santo André” (01/08/2006), exibindo fotógrafos da cidade que estiveram expostas
em outros países - esse Clube era de âmbito internacional e dele participaram
membros como Gaiarsa, Patrão, Shoepps e outros.
“Macunaíma,
Amigo da Onça e Fradim - Bebemorando 30 Anos de Baixaria” (07/02/2010. Uma
retrospectiva do bloco carnavalesco de Santo André, havendo um bate-papo aberto
ao publico intitulado “Conversa Carnavalesca - recordar é Viver” no auditório
do Museu .
“As Caixas do
Homem que Amava as Caixas”, exposição ocorrida a partir de 04 de março de 2010
inspirada no livro de Stephen King. De autoria de Marcio Rui Padoim, tratava
das complexidades das emoções humanas.
“Ocara Clube: 55 Anos de Carnaval” (11/02/2011), em
comemoração ao Clube que vem atuando nos desfiles de Carnaval recebendo grande
premiação.
“Completo 3” , obras do artista plástico Guilherme
Callegari com pinturas e colagens.
“Meio Século
Literário na Terra de João Ramalho” (02/09/2010) de Claudio Feldman, que contava
com 44 títulos publicados.
“Máxcaras” do artista plástico Roberto Sian, sendo
expostos os trabalhos em terracota e barro natural.
A Sala
Especial possui grande agendamento mensal e vem apresentando trabalhos de artes
plásticas, de fotógrafos, teses, artesanato, Bandas Carnavalescas, etc.
2000
Em 2000 foi
desenvolvido o projeto “Paranapiacaba, Valorização do Patrimônio Cultural Começa
na Infância”, visando atuar na área de educação patrimonial infantil. O projeto
aprovado e patrocinado pela Fundação Vitae, tratou de um curso para professores
das redes municipal, estadual e particular desenvolvido e coordenado pela
historiadora do Museu de Santo André, Suzana
Cecília Kleeb, que organizou palestras apresentadas por conhecidos profissionais
da área de preservação de patrimônio cultural. Nesse período foi criado a AMUSA
- Associação Amigos do Museu de Santo André,
que ficou responsável pela captação financeira do projeto através da Fundação
Vitae. Esse projeto com verba da Fundação Vitae, possibilitou a produção de
materiais didáticos que foram distribuídos nas escolas particulares para
desenvolvimento de atividades pedagógicas sobre Paranapiacaba.
Foi instalada
a exposição em homenagem ao cineasta Aron Feldman intitulada “50 Anos-Luz (e
Sombra)”. Esse cineasta produziu grande quantidade de filmes na cidade.
Em
substituição ao tema Migração, instalamos a exposição “Vamos Brincar Outra
Vez”, tratando do tema infantil e apresentando brinquedos de várias épocas,
tendo um momento de grande coleta de objetos relativos ao tema que vinham sendo
doados ao acervo, ampliando assim a coleção.
O reconhecimento
como patrimônio cultural do prédio, na esfera Estadual, ocorreu em 2002 pelo
Condephaat, que tombou a edificação por fazer parte de um conjunto de 160
edificações de interesse cultural no Estado de São Paulo.
Em 2002 é
criada a Comissão de Acervo - grupo formado por técnicos do Museu ,
para avaliação de objetos e documentos doados ao Museu
a serem inseridos ao seu acervo, além de aprovações de solicitações de
empréstimos de imagens fotográficas para diversos. Nesse momento havia no seu
acervo, 20.000 imagens fotográficas, 14.000 documentos escritos e publicações,
além de 5.000 objetos.
Em 2003 o Museu
esteve com suas atividades interrompidas para a recuperação do telhado e
pintura das paredes do prédio, com exceção da Biblioteca que continuou
atendendo pesquisadores e consulentes em geral.
O Museu
foi reaberto depois de nove meses (2004), com a exposição “90 Anos de Historia”,
em comemoração aos noventa anos da escola que funcionou no prédio, expondo
fotos e objetos escolares. Outras exposições ocorreram, tais como “Retratos do
Cotidiano: A Cidade e Sua Gente”, na varanda com imagens do acervo de fotos, “Museu
de Todos”, “Santo André nos Esportes”, que continua até hoje, “Imigrantes: Álbum
de Família”.
Foi lançado um
novo projeto de exposições, a Sala Perfis - espaço inaugurado com uma mostra
sobre o médico e estudioso, que hoje dá nome ao Museu ,
Dr. Octaviano Armando Gaiarsa. Esta exposição denominada “A Cidade e o
Cidadão”, contou com fotomontagens panorâmicas das décadas de 1960 e 1970
produzidas por ele, além de retratos e objetos pertencentes ao homenageado. Foi
uma homenagem em vida que o Museu proporcionou
ao medico, pesquisador, fotógrafo e escritor da cidade.
Foi aberta, em
15 de março, a exposição sobre “Josué de Castro - Por um Mundo Sem Fome”:
textos e fotos sobre a vida e obra do médico, professor, geógrafo, sociólogo, político
e escritor pernambucano. Essa mostra foi parte do “Projeto Memória”, uma
parceria entre o Banco do Brasil e a Petrobrás.
Em outubro, é
criada a Lei nº 8.764 de 01/10/05 para a denominação de “Museu
de Santo André Dr. Octaviano Armando Gaiarsa”. Resultado de projeto de lei apresentado
pela vereadora Dinah Zekcer, como forma de homenagear o médico envolvido com a
memória da cidade, que escreveu livros, entre eles dois sobre a cidade. Ele fez
doações de 2.504 fotos, 155 documentos, 47 objetos e 402 publicações de
interesse para o acervo do Museu, alem de ter sido membro da Comissão
Organizadora do Museu . A oficialização do nome
se deu através de evento ocorrido no Museu em
26 de abril de 2006.
Ocorreu o lançamento
do “Programa de Ação Educativa e Cultural” no Centro Cívico e no Museu,
promovendo visitas a grupos organizados e escolas, estimulando o acesso ao
patrimônio cultural, o programa é coordenado pela Assistente Cultural Rosemara
Rampazzo (27.01.2007). Fazendo parte desse programa, teve inicio um calendário
de palestras estimulando o acesso e a valorização do conhecimento sobre a
cidade. Tivemos palestrantes como José Armando Pereira da Silva sobre “Três
Pintores de Santo André” que tratava de Sacilotto, Suzuki e Paulo Chaves. Apresentação
de Valmir de Souza intitulada “Testemunhos Literários da Barbárie no Brasil” e
lançamento do livro “Cultura e Literatura: Diálogos”. Palestra de Ondalva
Serrano intitulada “O Uso da Transdisciplinaridade para “Realizar o Potencial
do Ser Humano”, uma experiência do “Programa de Jovens da Reserva da Biosfera
da Cidade de São Paulo”.
As palestras foram
primeiramente dirigidas a professores e educadores, posteriormente foram
abertas ao publico.
No ano de 2008
estava ocorrendo no Museu cinco exposições
sendo “Ensaio com Obras de Cassiano Ricardo”, “O Retrato e o Tempo - Gente de
Santo André”. Reuniu conhecidos fotógrafos profissionais da cidade, responsáveis
pela produção de imagens de casamentos, batizados formaturas e retratos, sendo grande
parte de fotos de estúdios fotográficos localizados na cidade e pertencentes ao
acervo.
Na varanda do Museu
estava a exposição “Retratos do Cotidiano - A Cidade e sua Gente”, exibindo uma
seleção de imagens selecionadas do acervo. E “Santo André nos Esportes”, mostra
parte da coleção relativa ao tema e outra exposição foi “Museu
de Todos”, uma mostra didática sobre doações que exibiu objetos e documentos de
interesse do Museu. O acervo estava constituído de 24.000 imagens, 7.500 documentos
e 4.000 objetos tendo 25.000 visitas ao ano.
Na Sala
Perfis, foi instalada a exposição “Carlos Haukal - o Fotógrafo”, que exibiu
imagens selecionadas de um conjunto de 800 fotos que foram doadas ao acervo do Museu ,
por familiares do profissional.
Através de
projeto “Museu de Santo André - Museu
em Imagens” desenvolvido pelo Instituto Navegar, aprovado pela Lei Rouanet e
patrocinado pela Petrobrás, foram digitalizados 27.000 imagens, 20.000
documentos escritos e 7.000 objetos, incluindo quadros, utensílios, louças e
indumentárias.
O artista - vindo
do universo urbano, da arte urbana com experiência em grafite do qual é
influenciado - “Intimidade do Caos” foi uma exposição de quadro a óleo sobre
tela da artista Stella Ambrosio sobre o medo. “Luzes do Subúrbio”, exposição de
óleo sobre tela de Edgard Rodrigues e trata da pintura a partir de temas
relativos à infância e vivencia na cidade. “Cores de São Paulo”, exposição
apresentada pelo artista plástico Enzo Ferrari, que forma um grupo constituído
de 12 artistas integrantes que apresentaram obras de esculturas, pinturas,
desenhos com trabalhos que podemos destacar a fachada do Museu
de Santo André.
Trabalhando
com a idéia de mostrar as influencias e presença cultural de outros grupos
étnicos relativos a imigrantes e/ou cidades-irmãs ocorreu a exposição “Universo
Cultural de Okinawa em Santo André ”
(18/11/2010). Expôs objetos e outros itens trazidos por imigrantes e seus
descendentes, comemorando os 55 anos da Associação Okinawa e retratando a
cultura da província de Okinawa que tantos imigrantes possui nesta cidade. A
idéia foi mostrar que o cotidiano de Okinawa está inserido no cotidiano
andreense. O evento contou ainda com apresentações musicais e danças
tradicionais japonesas, exibidas por membros da Academia Tamagusku Lyoteda
Hakuyo Nokai, da professora Yoko Gushiken e músicas apresentadas pelo grupo
Heroes Sanshi Band e Grupo de Dança Ajisai.
Ocorreu um
Curso de Capacitação para “Conservação de Documentos e Fotos” organizados pelo
Sistema Estadual de Museu s do Estado de São
Paulo.
Na varanda do Museu
encontra-se instalada a exposição “Retratos da Cidade” (16/04/2011), que exibe
fotos do acervo do Museu . Exibindo imagens
aéreas ou não que mostram bairros das cidades tentando abranger a maior área
possível registrada nas imagens do acervo.
Em 2012 o
acervo do Museu de Santo André está formado
por 10.000 documentos escritos “Fundo Câmara de São Bernardo”; 26.100 fotos e
negativos, 884 teses, 863 publicações sobre o ABC; 4.770 objetos entre
ferramentas de trabalho, trajes, peças do cotidiano, obras de arte, troféus e
medalhistica; 30 coleções de jornais; 192 títulos e jornais avulsos e 9035
documentos textuais avulsos. Tendo ainda um grande numero de coleções e peças
individuais doadas por particulares e Instituições que ainda não foram
indexados.
SINOPSE
O inicio do
acervo do Museu de Santo André, se deu com a
entrega da documentação conhecida como “Fundo Câmara de São Bernardo” pela Biblioteca
Central de Santo André, ao Museu . Essa
documentação havia sido transferida à Biblioteca com a intenção de ser
preservada, por ser considerada histórica isso ocorreu na década de 1960 e o
material foi entregue à Nair Lacerda, responsável pela Biblioteca Publica
Municipal. A coleção preservada e entregue ao Museu
de Santo André, em 1982 reúne documentos, impressos, datilografados e
manuscritos sobre a criação do município de São Bernardo que abrangia toda a
região do ABC a partir de 1890. São documentos responsáveis pelas decisões
legislativas e solicitações de munícipes aos vários serviços públicos que se
iniciavam na cidade.
Com a
tentativa de se criar o Museu de Santo André, elaborou-se
o projeto “Museu Histórico Pedagógico Américo
Brasiliense”. Ocorreu uma exposição no Instituto que leva o nome do Museu
criado por decreto, coletaram-se informações de interesse para a formação de
acervo, porém nada foi mantido e as peças e documentos tiveram destino
desconhecido.
Uma campanha de
coleta para formação do acervo, ocorrida na década de 1970 pela Prefeitura de
Santo André, reuniu numa exposição no Salão de Exposições do Centro Cívico o
trabalho de coleta intitulado “Nosso Passado Pode Estar com Você”. Recebeu um
grande número de fotos, objetos e outros documentos, porém não temos o
levantamento total dessas doações. Mas, se manteve a coleção de Anais da Câmara
Municipal de Santo André do período de 1948
a 1962, além de algumas poucas fotos com Imigrantes
japoneses e objetos como a “1ª Maquina de Tricot Lanofix”.
A partir de
1982, com a formação da Comissão Organizadora do Museu
de Santo André, foi iniciada uma coleta de forma mais técnica. Foram visitados
vários setores da Prefeitura e coletados muitos objetos, documentos e fotos de
interesse. Ocorreram doações de grandes coleções de artistas plásticos como
Paulo Chaves e Guido Poianas, escritores como Otaviano Armando Gaiarsa, objetos
de atividades esportivas da Rhodia, além de documentos, fotos e objetos de
vários setores da própria Prefeitura de Santo André.
O trabalho de
coleta é um trabalho incansável do Museu que
sempre ocorre através de contatos, muitas vezes elaborados pelos próprios
doadores interessados na memória da cidade.
Formação do acervo do Museu de Santo André.
A intenção de se obter um espaço cultural, criando um acervo que preserve
informações relativas à cidade de Santo André e seus moradores como Museu ,
teve inicio em 1950. Foram preocupações em valorizar a importância histórica da
cidade dentro da história nacional, expondo o seu desenvolvimento a partir da
fundação da Vila de Santo André da Borda do Campo, por João Ramalho. que
comemorava 400 anos. Foi apresentada uma Feira Industrial, Comercial e de
Lavoura e foi ainda proposta a criação de monumentos e biblioteca além do Museu ,
que não ocorreu.
Nas
décadas seguintes ocorreram outras iniciativas partindo de políticos,
vereadores, Escolas, incluindo professores e alunos como o Instituto Américo
Brasiliense. Funcionários públicos também tiveram papel importante na discussão
de se criar o Museu , desenvolvendo pesquisas, coletando
documentos, organizando exposição como “O Nosso Passado Pode Estar Com Você” e escrevendo
relatórios que registraram esses momentos.
Na década de 1980 foi criada a Comissão Organizadora do Museu
de Santo André, que resultou em projeto de Museu
de Cidade, dando continuidade à coleta de bens para o seu acervo que já havia
se iniciado e divulgando o projeto na mídia. Criaram-se cargos específicos e
equipe de trabalho. O Museu de Santo André foi
criado oficialmente pela Lei nº 5942 de 03 de agosto de 1982 e Instalado em
1990, durante a organização do I Congresso de Historia do Grande ABC, com o
apoio de parte da população e do GIPEM - Grupo Independente de Pesquisadores do
ABC. O Museu foi instalado no prédio de
interesse na sua preservação: o edifício que havia sido I Grupo Escolar de São
Bernardo, que abrangia toda a região do ABC.
Em
outubro de 2005 é criada a Lei nº 8.764 denominando o Museu
como “Museu de Santo André Dr. Octaviano
Armando Gaiarsa”.
O
Museu desenvolve uma série de trabalhos como a
catalogação de documentos escritos, fotos e objetos. Além da continuidade de
coleta de acervo, são feitas exposições para divulgar suas coleções e envolver
um publico interessado na preservação do patrimônio cultural como um todo.
Possui serviços como Encontro de Pesquisadores, Sala Especial, Ação Educativa e
Cultural.
Wilson
Roberto Stanziani de Souza - Museólogo
Santo
André, SP - 2012